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Filmes sem um grande apelo comercial quase não têm chegado aos cinemas de Curitiba nos últimos anos. As distribuidoras e exibidoras não confirmam oficialmente, mas esse fato tem a ver com o pouco número de espectadores que as produções com um perfil mais independente conseguem atrair na capital paranaense, principalmente nas semanas de estréias, que determinam se um filme vai continuar mais tempo em cartaz ou não.

Por essa razão, esse tipo de filme roda o país inteiro antes de chegar em Curitiba, pois geralmente contam com poucas cópias – vão primeiro para lugares onde são mais aceitos. No milagre de estrearem por aqui, muitos deles já estão disponíveis em DVD, como Beijos e Tiros, que está sendo lançado este mês nas locadoras, uma das fitas que não passou pelo circuito curitibano.

O filme dirigido por Shane Black – criador dos personagens da série Máquina Mortífera e roteirista do primeiro e melhor longa da franquia estrelada por Mel Gibson e Danny Glover – é uma produção interessante, que recebeu críticas positivas tanto no estrangeiro como no Brasil, e poderia ter sido uma boa opção para a sempre capenga (para quem gosta de fitas diferenciadas) programação dos cinemas locais.

Estreando na direção de longas-metragens, Black criou uma história policial que, assim como Máquina Mortífera, tem muita comédia. A diferença está no desenvolvimento da trama, que apresenta muitas situações estranhas e esdrúxulas, a começar pelo personagem central, Harry Lockhart, vivido por Robert Downey Jr. (Chaplin) – um ótimo ator que seria um dos grandes de Hollywood se não fosse os seus constantes problemas com as drogas.

Meliante de terceira categoria, ele inicia o filme fugindo da polícia, depois de um assalto mal-sucedido com um parceiro. Ferido a bala, ele acaba se escondendo em um local que está fazendo testes para um filme hollywoodiano. Sem ter muita noção do que está acontecendo, e ainda sofrendo com as dores do tiro, ele improvisa uma audição e encanta os produtores ao interpretar com emoção um personagem que está muito mal pela perda de um grande amigo (o que acabara de lhe acontecer).

Em questão de minutos, Harry passa de bandido a aspirante à estrela do cinema. Ele terá que interpretar um detetive policial no filme e os realizadores o colocam em contato com Gay Perry (Val Kilmer, de The Doors), um detetive durão – mas gay – que irá lhe ensinar as manhas da profissão, uma espécie de laboratório para o papel. A dupla se envolve em uma difícil investigação, na qual aparece a personagem Harmony Faith (a bela Michelle Monaghan), também aspirante a atriz e uma antiga paixão juvenil de Harry.

A trama policial é um tanto complicada e sem sentido e o espectador não deve se preocupar muito em entendê-la, pois ela não é o ponto central da fita. Black consegue fazer um bom uso da narração em off – o personagem de Downey Jr. conta a história e algumas vezes até conversa com a câmera – e se sai bem no que se propôs a fazer: uma sátira aos filmes noir e à própria Hollywood, com muitos toques de nonsense e humor negro. GGG1/2

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