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Brasília – "Vivas para quem tem coragem". Foi dessa forma que o cineasta pernambucano Cláudio Assis respondeu às vaias de parte do público presente à cerimônia de premiação do 39.º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, ao receber o prêmio de melhor filme da competição, por Baixio das Bestas. A produção recebeu seis troféus Candango, algo que o próprio diretor parecia não acreditar no início da premiação – chegou a chamar toda sua equipe ao palco logo no primeiro prêmio que ganhou, o da crítica, afirmando que não esperava mais voltar ao palco do Teatro Nacional durante a noite da última terça.

Mas, na seqüência, Baixio das Bestas também ganharia os troféus de melhor atriz (a novata Mariah Teixeira), ator coadjuvante (Irandhir Santos), atriz coadjuvante (Dira Paes) e trilha sonora, recebendo uma merecida consagração, pois, apesar de dividir público e crítica na apresentação no último domingo, era realmente o melhor filme desta edição do Festival de Brasília. "Baixio das Bestas não é um filme morto, para quem é acostumado ao trivial. Foi feito para se discutir e, por isso, a vaia também é necessária", comentou o diretor logo após a premiação. É a segunda vez que Assis vence o evento candango – foi laureado em 2002 pela estréia em Amarelo Manga.

Outro filme merecidamente premiado foi Querô, de Carlos Cortez. O diretor estreante levou o troféu de melhor roteiro pela adaptação de um romance do dramaturgo Plínio Marcos. Cortez ainda revelou o surpreendente Maxwell Nascimento, melhor ator do festival pelo papel-título da produção. De origem humilde, filho de ambulantes de Santos, o jovem nunca havia tido qualquer experiência com o cinema. Ele nega qualquer a comparação com Fernando Ramos da Silva, ator de Pixote, de Hector Babenco, que morreu tragicamente poucos anos após o sucesso do filme. "Tenho total apoio da minha família, que sempre me incentivou. Não vou trilhar o mesmo caminho que ele. Pretendo seguir carreira no cinema", revelou. Querô ainda recebeu os prêmios de melhor direção de arte e som.

O irregular Batismo de Sangue deu o prêmio de melhor diretor a Helvécio Ratton e de melhor fotografia ao consagrado Lauro Escorel. O documentário O Engenho de Zé Lins, de Vladimir Carvalho, foi laureado com os troféus de melhor montagem e prêmio especial do júri. Já o documentário Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá, de Silvio Tendler, foi o vencedor pelo júri popular, confirmando a verdadeira ovação que recebeu na última segunda-feira, sendo o único filme do evento a ser aplaudido de pé pelo público local.

O repórter viajou a convite do Festival de Brasília.

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