Saudosismo ao som de violões

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A carreira do intérprete e compositor Emmerson Nogueira pode ser considerada um fenômeno da música pop brasileira. Mineiro radicado no Rio de Janeiro, Emmerson foi vencedor de inúmeros concursos e festivais em sua terra natal, antes de ser contratado como compositor exclusivo da gravadora Sony Music/BMG, em 2002. De lá para cá, num período de pouco menos de três anos, no qual gravou cinco álbuns, o cantor já é dono de discos de ouro e diamante, somando mais de 1 milhão de cópias vendidas. Isso tudo sem aparecer em programas de televisão ou ter suas canções executadas pelas rádios.

O sucesso pode ser facilmente explicado com uma espiada básica no repertório de Nogueira. O cantor faz releituras de canções consagradas do pop/rock internacional, pertencentes a diferentes décadas. A fórmula garantiu o sucesso da trilogia Versão Acústica (volumes 1, 2 e 3) e de sua mais recente empreitada, o álbum Emmerson Nogueira – Beatles, em que interpreta somente canções do quarteto de Liverpool. O público curitibano poderá conferir hoje, às 22 horas, no Curitiba Master Hall, um apanhado da carreira de Emmerson, que promete uma apresentação de duas horas repleta de hits. "Esse show mescla um pouco de tudo o que já lancei. É uma oportunidade para as pessoas que não tiveram a chance de assistir às apresentações com o repertório do primeiro trabalho", conta o artista, em entrevista ao Caderno G.

De acordo com o cantor, seu vasto repertório foi compilado para a apresentação de maneira a não deixar as músicas mais requisitadas pelo público de fora. Entre as mais pedidas, as clássicas "Wish You Were Here" (Pink Floyd), "Have You Ever Seen the Rain" (Creedence Cleanwater Revival) e "Hotel California" (Eagles). "Com o tempo, fui adequando o show à reação do público. Se tentávamos tirar certas canções do repertório, a platéia reclamava bastante, então, resolvemos deixá-las. Mas o esqueleto da apresentação é mesmo o primeiro álbum", explica Nogueira.

O show, além de um cenário que faz referências aos 50 anos do rock-and-roll, conta com a participação de uma banda, que acompanha Emmerson desde o primeiro registro de versões acústicas. No time de fiéis escudeiros estão o violinista Marcos Falcão, o baixista Luciano Mendonça, o tecladista Felipe Grilo, o gaitista Luciano Baptista, o baterista Zé Mário e as backing vocals Vanessa Farias e Caroline Marques.

Percorrendo várias regiões do Brasil – de capitais a pequenas cidades do interior – desde o mês de março, a turnê, segundo o cantor, vem garantindo casa cheia em todos os lugares por onde passa. Quando perguntado sobre o motivo que leva tantas pessoas a ainda sentirem vontade de ouvir canções que foram sucessos em décadas passadas, Emmerson é taxativo: "É o saudosismo. Todo mundo tem uma música que conta uma história do passado. Pode ser um namoro, o dia do casamento ou uma viagem. As pessoas gostam de relembrar, faz parte da natureza do ser humano", analisa o cantor, destacando também os arranjos diferentes – mais abrasileirados – que atribui às canções.

Nogueira, apesar de compositor, afirma não pretender gravar um álbum de músicas próprias tão cedo, mesmo com a cobrança de fãs e da mídia. "Minhas últimas canções foram feitas há bastante tempo. Não se encaixariam no meu trabalho", justifica, revelando possibilidades para seus próximos projetos: "Estamos pensando em gravar um disco só com músicas do Bob Marley, ou, quem sabe, um DVD", adianta.

Serviço: Show com Emmerson Nogueira. Curitiba Master Hall (R. Itajubá, 143). Hoje, às 21 horas. Ingressos a R$ 50 e R$ 30 (estudantes). Assinantes da Gazeta do Povo têm 20% de desconto na compra de um ingresso. Mais informações pelo telefone (41) 3248-1001.