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Ivy (Julianne Nicholson), Violet (Meryl Streep) e Barbara (Julia Roberts): tensão vulcânica em família | Divulgação
Ivy (Julianne Nicholson), Violet (Meryl Streep) e Barbara (Julia Roberts): tensão vulcânica em família| Foto: Divulgação

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Álbum de Família

(August Osage County, Estados Unidos, 2013). Direção de John Wells. Com Meryl Streep, Julia Roberts e Juliette Lewis. Imagem Filmes. 121 min. Classificação indicativa: 12 anos. Apenas para locação. Drama.

Talvez seja apenas uma coincidência que, no Brasil, o filme norte-americano August Osage County tenha recebido o título de Álbum de Família, mesmo nome de um importante texto teatral de Nelson Rodrigues.

Mas o fato é que o longa-metragem, baseado em uma peça do dramaturgo Tracy Letts, vencedora do Tony, principal prêmio dos palcos nova-iorquinos, tem com a obra rodrigueana alguns pontos em comum.

A trama se passa em uma localidade rural no estado de Oklahoma, onde o casal Violet (Meryl Streep) e Beverly Weston (Sam Shepard) levam uma vida modorrenta. Doente de câncer, a matriarca tenta driblar a dor e a depressão com pílulas das quais é dependente. Já ele, sem grandes queixas, vai morrendo aos poucos. De tédio e solidão. Até que um dia some, sem deixar rastros.

O desaparecimento de Beverly força um reencontro familiar que, em condições normais de temperatura e pressão, não aconteceria: há motivos de sobra para todos se mantenham distantes uns dos outros.

Vem de longe a filha mais velha, Barbara (Julia Roberts), em companhia do marido, Bill (Ewan McGregor), de quem está prestes a se separar, e da filha adolescente, Jean (Abigail Breslin). Chega também outra filha de Violet e Berverly, a instável Karen (Juliette Lewis), ao lado do noivo, Steve (Dermot Mulroney).

A caçula dos Weston, Ivy (Julianne Nicholson), é a única a morar perto dos pais e mantém com o primo, Little Charles (Benedict Cumberbatch), um caso de amor secreto. O rapaz é filho da irmã de Violet, Mattie (Margo Martindale), e Charles (Chris Cooper).

Debaixo do mesmo teto, e sob o efeito da possibilidade trágica de que Beverly tenha morrido, os ânimos se exaltam. Segredos e mentiras, alguns varridos para debaixo do tapete há anos, vêm à tona de forma vulcânica, o que faz lembrar bastante a peça homônima de Nelson Rodrigues.

No olho desse furação, está Violet, uma mulher de temperamento difícil e dona de uma língua viperina, que com as drogas, se torna ainda mais destrutiva. E ela não poupa ninguém, muito menos Barbara, que cometeu o pecado de construir uma vida independente, muito longe dos domínios da matriarca.

Um dos pontos altos da trama é, justamente, esse confronto entre mãe e filha. Tanto Meryl Streep quanto Julia Roberts foram indicadas ao Oscar por seus desempenhos intensos, que aliam drama a uma certa comicidade, por conta dos diálogos afiados de Letts, também autor do cult Killer Joe – Matador de Aluguel.

Embora a direção de John Wells, mais conhecido por seu trabalho na televisão, em séries como The West Wing, seja competente, é difícil apagar de todo a origem teatral do filme, que por vezes parece pedir por uma abordagem menos presa aos diálogos e mais cinematográfica.

O elenco, excelente, se sai muito bem, apesar de a interpretação de Meryl Streep por vezes beirar o histriônico, carecendo, talvez, de mais sutileza. Ainda assim, Álbum de Família é um filme forte, com inegáveis qualidades, como a bela fotografia do brasileiro Adriano Goldman. GGG

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