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Vídeo | Reprodução RPC TV
Vídeo| Foto: Reprodução RPC TV

Nova Iorque – I‘m Not There, de Todd Haynes, foi o grande destaque anteontem na 45.ª edição do Festival de Nova Iorque, exibido numa sessão lotadíssima para a imprensa, com a presença do diretor.

O filme é o que se poderia chamar de um pseudodocumentário sobre um ícone da música folk, o mítico cantor e compositor americano Bob Dylan.

Assim como Dylan é um cantor não convencional, Haynes também está longe de ser um diretor afeito às convenções formais de retratar um biografado.

Em I’m not There, a criatividade de Haynes já começa pela escolha do elenco para o seu retratado. Não uma, mas seis "personas" interpretam fases e aspectos diferentes da vida e personalidade de Dylan.

Dessa forma, Heath Ledger é o ator Robbie; Richard Gere interpreta o pistoleiro Billy the Kid; Christian Bale é o pastor protestante John; o estreante Marcus Carl Franklin é Woody Guthrie, um garoto negro e excepcional violonista; o novato Ben Whishaw interpreta Arthur, um jovem renegado, que representa Dylan, sob a influência do poeta simbolista francês Arthur Rimbaud; e Cate Blanchett é o astro do rock Jude, vivendo Dylan numa fase de mudanças de sua vida quando teve problemas com a mídia e o público ao aderir ao rock amplificado.

O papel rendeu a Blanchett o prêmio de melhor atriz em Veneza no mês passado, quando o filme também ganhou o Prêmio do Júri.

O Caderno G participou da coletiva com Haynes, logo após a projeção, quando ele falou da forma como concebeu o filme, de Dylan e da escolha do elenco. Leia os principais trechos:

Por que a opção de retratar Dylan através de seis personagens?Todd Haynes – Eu acho que as biografias tradicionais normalmente são limitadas em relação aos retratados, principalmente em se tratando de um artista em eterna metamorfose, como é o caso de Dylan. Por isso, preferi utilizar essa perspectiva que enfoca fases de sua vida, mostrando toda a sua complexidade, contrastes e contradições.

Como você conseguiu autorização dele para fazer o filme?Na verdade, eu estava cético em relação a conseguir os direitos para utilizar as músicas. E os produtores do filme também achavam que eu não deveria continuar com o roteiro até que a situação estivesse resolvida. Então resolvemos nos aproximar do filho mais velho de Bob, Jesse Dylan, demos um roteiro para ele ler e, na semana seguinte, ele nos avisou que Dylan havia autorizado.

Foi difícil compor as diversas fases da vida dele?Quanto a isso, não houve dificuldade. Nós conseguimos muito material de arquivo de época – livros, CDs, fotos, entrevistas – com detalhes sobre a história e acontecimentos políticos dos anos 60, uma era conturbada que certamente teve um grande peso no direcionamento da carreira artística de Dylan. Além disso, pudemos contar com o documentário de Pennebaker (Don’t Look Back, de D. A. Pennebaker, de 67), que foi fundamental, porque ele consegue passar a criatura hipersensível que é Dylan.

No caso do astro do rock Jude, por que a escolha de uma atriz para viver o personagem?Nessa época em que aderiu ao rock, Dylan também ficou muito estranho na forma como se comportava no palco, nas roupas e na gestualidade, um tanto femininas, na maneira como usava as mãos. Por isso, achei que seria melhor que o personagem fosse vivido por uma atriz e Cate foi perfeita no papel.

Você ficou satisfeito com o resultado final?Fiquei muito satisfeito com o filme. Acho que o Dylan teve uma vida bastante intensa, muito mais rica e complexa do que muitos possam imaginar. Influenciou toda uma época, certamente foi influenciado por ela e por isso sua história precisava ser contada de uma forma mais abrangente.

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