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Espetáculo experimental curitibano usa tema da colonização para apontar erros em que o Brasil ainda resvalaria | Tamíris Spinelli/Divulgação
Espetáculo experimental curitibano usa tema da colonização para apontar erros em que o Brasil ainda resvalaria| Foto: Tamíris Spinelli/Divulgação

Teatro

Veja este e outros espetáculos no Guia Gazeta do Povo

Imagine, durante a Copa, o amor entre uma índia e um europeu. É mais ou menos essa junção que a companhia teatral Casa Selvática propõe em sua estreia de hoje, Iracema 236ml – O Retorno da Grande Nação Tabajara. O Teatro Novelas Curitibanas sedia o espetáculo performático, dividido em capítulos, que parte do romance de José de Alencar para falar da cultura brasileira (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

A narrativa oitocentista em que a tabajara Iracema se apaixona pelo colonizador português Martim e morre após ser abandonada grávida é mantida, mas transformada, conforme diz a autora e diretora Leonarda Glück, numa espécie de livro digital. O destaque promete ser o projeto visual, mantido a sete chaves pelo grupo, que não divulgou fotos de ensaio. "‘Importamos’ um VJ de São Paulo, Danilo Barros. Se não fosse por ele, estaríamos perdidos até agora", conta Glück. Foram usadas projeções e telas que remetem aos cenários românticos do século 19, em que a paisagem a que se aludia era dada por um painel pintado no fundo da cena.

Em meio a esses elementos, seis atores (Danielle Campos, Clarissa Oliveira, Stéfano Belo, Ricardo Nolasco, Mari Paula e Manolo Kottwitz) se revezam no papel de Iracema, apresentada em quatro facetas psicológicas.

"Damos um olhar que quase desaprova o fato de a história se repetir, de o Brasil repetir seus erros. É quase uma alegoria", explica a diretora, que escreveu o texto durante a faculdade de artes cênicas, há dez anos, mas considera que sua encenação vem mais a calhar neste momento – ano de Copa no Brasil. "As questões da brasilidade ainda não estão resolvidas. Ainda sofremos colonização: a Fifa vem e dita regras, e ficamos esperando o estrangeiro chegar para fazer alguma coisa."

Sobra ainda espaço na peça para brincar com a linguagem, com menções ao próprio fazer teatral e a exposição das "entranhas da representação", tornada artificial, não naturalista.

A abordagem da cultura indígena é considerada crucial pelos selváticos porque, apesar de Curitiba normalmente se ausentar do debate da questão do índio, os remanescentes nativos da região "sofrem da mesma forma que no resto do país", defende Glück.

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