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No palco, as imagens projetadas por todos os lados, em conexão com músicas compostas por colagens e mixagens dos mais variados ritmos, quase fazem passar despercebida a sombra de um rapaz de boné e moletom que se reveza freneticamente entre cinco toca-discos. Trata-se do californiano Josh Davis, mais conhecido como DJ Shadow, uma das atrações da edição curitibana do Tim Festival, que acontece na próxima terça-feira, na Pedreira Paulo Leminski.

Figura respeitada entre a cena eletrônica graças a seu papel fundamental no desenvolvimento do chamado hip-hop experimental e instrumental, Shadow vem ao Brasil trazendo a turnê de seu terceiro álbum, The Outsider, em que desaponta os fãs mais ortodoxos de seu álbum de estréia, o revolucionário Endtroducing... (1996), ao passear pelos caminhos do hyphy – estilo de hip-hop anti-comercial oriundo da região de Bay Area, em San Francisco.

"Quando um artista faz um trabalho que chama a atenção de muitas pessoas, porque as envolve emocionalmente de alguma maneira, elas acabam sentindo que têm uma certa propriedade, querem im-por a você qual deve ser seu próximo passo, porque desejam sentir a mesma conexão. Como artista, acho importante tentar se manter livre disso e continuar evoluindo, progredindo e perseguindo sua paixão até produzir algo que seja capaz de provocar esse mesmo efeito", explica Davis, em entrevista ao Caderno G, sobre a reação adversa provocada por seu novo álbum na grande maioria de seus fãs.

Mais da metade composto por raps em que figuram uma lista extensa de convidados especiais – entre eles expoentes do hyphy como Keak da Sneak, Turf Talk, E-40 e The Federation –, The Outsider conta com poucas faixas que devem agradar à antiga audiência de DJ Shadow. Mas, nem por isso, pode ser considerado um trabalho de menos qualidade que seus antecessores. Muito pelo contrário.

O terceiro disco do californiano, inspirado pela paternidade de duas meninas gêmeas, apenas vem comprovar seu talento na colagem de samplers, criação de bases eletrônicas e escolha de parcerias. "Não quero ficar preso num ciclo tentando repetir o que atingi com aquele disco (Endtroducing...), porque não há como ficar lançando o mesmo disco a cada ano. O melhor que posso esperar é que fazendo coisas diferentes vou alcançar um público de pessoas diferentes, que, por sua vez, terão experiências de conexão semelhantes às das que gostaram apenas do primeiro álbum", analisa.

Mas os fãs de Endtroducing... não precisam se preocupar, pois nem só de hyphy será composto o show planejado pelo DJ para a próxima terça-feira. Acostumado a dividir o palco com bandas de rock em grandes festivais, Josh Davis acabou incorporando o ritmo de um show de rock às suas performances, inclusive na maneira de elaborar o repertório. "Uma banda de rock, quando está lançando seu terceiro ou quarto disco, não deixa de tocar suas canções mais antigas nos shows. Comigo será a mesma coisa. Vou tocar uma mistura de músicas novas e velhas, exatamente como uma banda de rock", adianta. GGG1/2

Serviço: Tim Festival – Shows com Nação Zumbi, DJ Shadow, Yeah Yeah Yeahs, Patti Smith e Beastie Boys. Pedreira Paulo Leminski (R. João Gava, s/n.º). Dia 31, às 19 horas. Ingressos a R$ 80 e R$ 40 (estudantes). Clientes Tim contam com 20% de desconto na compra de dois ingressos.

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