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Bob Marley: em meio às fortes dores causadas pela metástase do câncer que tirou sua vida, músico fez de seu último show | Reprodução
Bob Marley: em meio às fortes dores causadas pela metástase do câncer que tirou sua vida, músico fez de seu último show| Foto: Reprodução

Relançamentos

Aniversários de bandas e de álbuns clássicos vêm sendo um prato cheio para as gravadoras diante da crise do mercado fonográfico. Com as remasterizações e recuperações de gravações ao vivo quem ganha são os fãs. Confira a seguir alguns dos relançamentos que chegam ao mercado nos próximos meses

The Kinks (foto 1)

Na última terça-feira (12) chegaram às lojas estrangeiras versões duplas (com faicas extras) e remasterizdas dos três primeiros álbuns da banda britânica: The Kinks (1964), Kinda Kinks (1965) e The Kink Kontroversy (1965). Em maio, será a vez de Arthur (Or the Decline and Fall of the British Empire) (1969) e Muswell Hillbillies (1971). Em junho, ganham novas edições os discos Face to Face (1966) e Something Else (1967).

Queen (foto 2)

O aniversário de 20 anos de morte do vocalista Freddie Mercury e de 40 anos do trio inglês Queen vem sendo comemorado com o relançamento dos 15 álbuns da discografia do grupo, que chegarão às lojas até o fim deste ano em edições remasterizadas e com material bônus. Até o momento, os cinco primeiros já estão disponíveis no exterior: Queen (1973), Queen II (1974), Sheer Heart Attack (1974), A Night at the Opera (1975) e A Day at the Races (1976), também em formato box set (foto) .

Ozzy Osbourne (foto 3)

No fim de maio, serão lançadas edições comemorativas aos 30 anos dos dois primeiros álbuns solo de Ozzy: Blizzard of Ozz (1980) e Diary of a Madman (1981). O primeiro vem remasterizado e com faixas bônus. O segundo conta com um CD extra com performances ao vivo inéditas. O formato box set (foto) traz um encarte de 100 páginas , ambos os CD e vinis remasterizados, um pôster e o DVD Thirty Years After the Blizzard, que revê os anos de Ozzy ao lado do guitarrista Randy Rhoads e reúne filmagens nunca vistas.

Há quem diga que todos os discos de Bob Marley (1945–1981) soam iguais. De fato, o ritmo lento do reggae, acompanhado pela característica guitarra que enfatiza a batida das canções podem dar essa im­­pressão aos menos chegados no gênero musical nascido na Jamaica, nos anos 60, e consagrado mundialmente por Marley e seus comparsas da banda The Wailers.

Mas, mesmo para os que torcem o nariz para o reggae, o recém-lançado CD duplo Live Forever traz um inegável quê a mais. Trata-se da última apresentação ao vivo de Bob Marley em vida, registrada no Stanley Theatre, em Pittsburgh, Estados Unidos, oito meses antes da morte do cantor, em 11 de maio de 1981. Não é apenas um registro musical histórico, por compilar 20 das canções mais clássicas do vasto repertório de Marley interpretadas no auge de sua carreira (de "No Woman No Cry", ao hino "Get Up Stand Up"), mas uma prova do poder espiritual do cantor, compositor, guitarrista e ícone do movimento rastafári.

Quando fez essa apresentação, em 23 de setembro de 1980, o câncer que tirou a vida de Bob Marley – um melanoma maligno desenvolvido em seu dedão do pé devido a um ferimento causado durante uma partida de futebol, em 1977 – já estava em processo de metástase. Seguidor fiel dos princípios da religião rastafári, Marley havia se recusado a amputar o dedo ferido na época da descoberta do melanoma. A doença então se espalhou para seu cérebro, pulmão e estômago. Dois meses antes deste, que seria seu último show, o cantor chegou a desmaiar durante uma corrida no Central Park, em Nova York, quando teve uma espécie de revelação: sabia que não teria muito mais tempo de vida e insistiu para que o show em Pittsburgh fosse marcado às pressas.

Ao lado do Wailers, Marley pretendia conquistar o mercado musical norte-americano com o intuito de espalhar a mensagem de Jah pelo mundo. Considerava-se designado a essa missão e lutou por ela com todas as suas forças, até o último momento. Dias antes do show no Stanley Theatre, cujos ingressos já haviam se esgotado em junho, Bob sentia muitas dores e o produtor do evento, DeCesare Engler, chegou a receber uma ligação de Jody Wineg, agente do músico, alertando que talvez o show não acontecesse. Mas a garantia veio do próprio cantor, assim que chegou ao estádio, na data do show: "Tenho de superar isso e vou fazê-lo. Pelos fãs e por meus músicos, que precisam desse dinheiro", disse ele a Engler, que até hoje se emociona ao contar a história, narrada no encarte do CD.

Até este momento, a doença de Marley era mantida em segredo. Ninguém, além do envolvidos na turnê e na produção do show, sabia das condições de saúde do músico. E as cerca de 3,5 mil pessoas que lotavam o Stanley Theatre naquela noite, não notaram quaisquer sinais de dor ou sofrimento. A performance foi simplesmente impecável, como se pode perceber após a audição do álbum. "Bob não sabia como dar menos de 100% de si durante uma performance, então, mesmo que seu pé estivesse caindo fora, ninguém perceberia. Seu trabalho e sua música precediam tudo", conta Dennis Thompson, engenheiro de som de todos os shows do músico em seu testemunho que também integra essa edição histórica e imperdível. GGGGG

Serviço: Live Forever: The Stanley Theatre, Pittsburgh, PA., September 23, 1980, de Bob Marley and The Wailers. Universal Music. R$ 44,90. Reggae.

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