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A Noiva Estava de Preto: Jeanne Moreau estrela homenagem ao mestre Alfred Hitchcock |
A Noiva Estava de Preto: Jeanne Moreau estrela homenagem ao mestre Alfred Hitchcock| Foto:
  • Catherine Deneuve: A Sereia do Mississippi

São Paulo - "Todo mundo quer amor, seja o físico, seja o sentimental." A fórmula, dita a certa altura pelo protagonista de O Homem Que Amava as Mulheres, ilustra cada um dos títulos da filmografia de François Truffaut (1932-1984). Representar sob múltiplos ângulos a validade universal dessa máxima permitiu a seus filmes manterem intactos a beleza e o frescor.

Três deles, que tiveram recepção pouco acalorada em seus lançamentos, retornam ao mercado em edições oficiais, ou seja, com o selo da qualidade da Versátil, e não nas versões mambembes que a Silver Screen co­­­mercializa. A Noiva Estava de Preto (1968), A Sereia do Mississipi (1969) e O Homem Que Amava as Mulheres (1977) refletem, a seu modo, temas morais e preocupações estéticas distintos. Vistos juntos, eles projetam a interpretação sempre irônica, mas nunca cínica ou desencantada, de Truffaut sobre a pulsação vital dos sentimentos.

O primeiro do lote traz Jeanne Moreau, em seu único reencontro com o diretor após o mítico Jules e Jim - Uma Mulher para Dois (1962). Em A Noiva Estava de Preto, a atriz encarna Julie, uma viúva cujo casamento terminou ainda nos degraus da igreja e que, por isso, toma por missão vingar-se dos responsáveis pelo fim abrupto de sua promessa de felicidade.

Noir desde o título, essa farsa reaproxima o diretor do universo criminal que ele já frequentara no magnífico Atirem no Pianista (1960). Mais que exercício de gênero, contudo, trata-se, como define o próprio Truffaut, "de um filme de amor sem nenhuma cena de amor" e no qual cada assassinato é encenado como obra de arte, num exercício de admiração ao gênio de Hitch­­cock.

Amor e morte(s) também servem de motor para A Sereia do Mississipi, outra deliciosa farsa em que Truffaut nos diverte invertendo as imagens àquela altura consolidadas de Jean-Paul Belmondo e Catherine Deneuve, ele num registro antiviril e refém do romantismo, ela, avessa à doçura sentimental, como predadora.

Do lado de lá da morte, Ber­­trand, o incansável sedutor de O Ho­­­­mem Que Amava as Mulheres, entrega suas memórias como uma sucessão de conquistas. Por meio da dedicação de seu personagem a todas as mulheres do mundo, alguém capaz de morrer de tanto amar, Truffaut eleva sua crença romântica a uma altura que ele só ultrapassaria adiante no majestoso A Mulher do Lado.

Serviço

O Homem Que Amava as Mulheres, A Noiva Estava de Preto e O Homem Que Amava as Mulheres. Direção de François Truffaut. Versátil. Caixa com os três: R$ 100 (ou R$ 45 cada um). Clas­­­sificação indicativa: livre.

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