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São Paulo - Na sequência inicial de Tropa de Elite 2, o capitão Nascimento (Wagner Moura) precisa conter uma rebelião em Bangu 1, liderada pelo personagem de Seu Jorge. Pede autorização ao governador para entrar matando, o que eliminaria boa parte dos bandidos de alta periculosidade do Rio de Janeiro. Mas é frustrado pelo professor Diogo Fraga (Irandhir Santos), um ativista de direitos humanos que chega ao presídio disposto a resolver pacificamente o conflito.

Desde o início, a relação entre os dois homens é de embate. Nar­­­­­­rador do filme, Nascimento chama o futuro deputado federal de "ma­­­conheirozinho" e "intelectualzinho de esquerda". Mas, a ironia ressentida do protagonista diminui, pouco a pouco, à medida que ele percebe que está do mesmo lado de Fraga. Pior: quando "cai pra cima", ou seja, é nomeado subsecretário de inteligência da Secretaria de Segurança Pública carioca após ser deposto do Bope, dá-se conta que é mero instrumento de uma intrincada rede de corrupção que envolve policiais e políticos.

Tropa de Elite 2 supera o primeiro filme, não apenas por denunciar esta articulação complexa responsável pelo retrocesso do país, que vai bem além do conflito entre traficantes e policiais, mocinhos e bandidos, mas por permitir a este personagem dúbio vivenciar um processo de conscientização que o conduz a uma revisão de valores. Envolvente e impactante, o filme peca em certos momentos pelo didatismo e pela falta de sutileza de algumas cenas, que induzem o espectador à catarse perigosa. Quando um Nascimento, furioso, espanca um deputado federal, por exemplo, o público aplaudiu com uma sede de sangue que o filme, em boa medida, satisfaz.

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