Serginho Groisman construiu a carreira de apresentador com um microfone na mão e a frase "fala garoto(a)" na boca. Tudo isso somado ao talento questionador que cabe a todo bom entrevistador. Deu certo. Mas o conceituado comunicador não quis permanecer ali, no habitat que já conhecia e dominava bem. Ele decidiu arriscar e foi parar no palco através do polêmico Gerald Thomas, responsável por "redescobrir" talentos há muito revelados, como a jornalista Marília Gabriela, por exemplo.
- Essa é a primeira vez que faço teatro, ainda mais o papel principal - diz ele, que participa da montagem "Brasas no congelador", da tetralogia "Asfaltaram a Terra", em cartaz no Teatro Sesc Vila Mariana, em São Paulo.
O apresentador do "Altas horas", da Rede Globo, confessa, porém, que já sentia certa atração pelas artes cênicas.
- Sempre gostei demais de ir ao teatro. Acho que tem uma magia única, com uma concentração de público e atores que só se encontra no teatro. O convite do Gerald foi uma surpresa e não esperava me tornar ator. Não nego que sempre admirei demais e que pensava que seria muito bom poder interpretar. Mas nunca tive iniciativa para isso - afirma ele, que faz a peça ao lado de parte do elenco da Companhia Ópera Seca.
Questionado sobre o fato de ser apresentador ter ajudado na hora de encarar o palco, Serginho diz ainda não ter a resposta.
- Sabe que até agora não sei direito? Trabalho com platéia faz anos, mas sem interpretar. Sei que tenho uma tranqüilidade muito grande junto a multidões. Mas teatro não é só enfrentar a platéia; é interpretar e enfrentar o público. Estou tranqüilo, o que até me surpreendeu.
Dificuldade, Serginho teve. Mas, para ele, até o que parecia ser um bicho-de-sete-cabeças acabou sumindo de uma hora para outra. Ou, seja: ele, que achava não ter uma memória excelente, parece ter sido mais uma vez surpreendido pela magia dionisíaca.
- Sempre tive medo da minha memória e sou péssimo para decorar textos. Mas com o tempo, o texto inexplicavelmente estava todo em minha cabeça. Minha colocação no palco durante os ensaios também foi sendo trabalhada até que me senti muito à vontade - conta.
Alheio às críticas que poderão surgir, Serginho prefere não pensar muito sobre o assunto.
- Não tenho noção do que virá por aí. E já valeu por estar convivendo com atores maravilhosos, com a construção da peça e com a estréia. As pessoas parecem que gostaram demais, riram demais. Quanto à crítica, vou esperar. Não sei como vou reagir.
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