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O elenco de Seance tem figurino de primeira, mas que aos poucos ganha manchas de sangue | Marco Novack/Divulgação
O elenco de Seance tem figurino de primeira, mas que aos poucos ganha manchas de sangue| Foto: Marco Novack/Divulgação

A nova estreia da Vigor Mortis, Seance – As Algemas de Houdini, traça um mapa das transformações por que passou a companhia de Paulo Biscaia Filho desde que ele escreveu esse texto, em 2005. Foi pouco depois do sucesso de Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos. Passada meia década, a produção do grupo revela um amadurecimento de sua linguagem repleta de sustos, sangue e projeções.

Se agora há menos sangue, o ambiente de tensão é ampliado pela presença do sobrenatural, que toma conta do palco como um novo personagem. Na trama, um ilusionista discípulo do mitológico Houdini (Andrew Knoll) é atraído para prestar um serviço misterioso pelo qual o governo oferece um pagamento irrecusável. Quando chega ao local onde deve realizar o trabalho, descobre que estão na mesma situação uma médium (Guenia Lemos), um padre (Luiz Carlos Pazello) e uma médica (Rubia Romani). Todos com medo.

Ameaçados por um homem de terno (Luiz Bertazzo), eles se veem imersos em um pesadelo numa sala de torturas de onde não sabem se sairão vivos. O sobrenatural se manifesta na forma de um espírito aprisionado, com quem tentam se comunicar.

Como tem se tornado uma marca registrada da companhia, projeções surgem no cenário como auxílio à estética – que, em se tratando do trabalho de Biscaia, é sempre de encher os olhos, com ótimos figurinos e cenografia.

A representação assume em Seance um tom propositalmente artificial, com trechos em que uma gravação substitui a fala dos atores, numa alusão aos filmes dublados do estúdio inglês Hammer – cujas produções fizeram a alegria da adolescência de Biscaia. O diretor contou à Gazeta do Povo que se deliciava com os longas de terror da época, como A Maldição de Frankenstein e Drácula, o Príncipe das Trevas. "Sempre tive interesse pelo desconhecido e pela morte."

Mas nem tudo eram flores naqueles idos felizes em frente à televisão. "Enquanto assistíamos aos filmes, o verdadeiro terror acontecia nos porões das prisões brasileiras", diz o diretor, para quem a política é tema obrigatório para qualquer cidadão. "Hoje a ditadura é da corrupção."

Estética

Questionado se considera-se beneficiado pela moda de vampiros, zumbis e afins que lotam os cinemas e livrarias, Biscaia responde que sua estética "não é uma onda. Sempre vai ter público para todo tipo de teatro".

E ele não pretende arredar o pé de suas opções – a saber, muito sangue e partes do corpo rolando pelo chão. Mas não só isso.

Este tem sido um ano dos mais agitados para a Vigor Mortis. Foram duas peças (além de Seance, Os Catecismos de Carlos Zéfiro), a versão em filme de Nervo Craniano Zero, ainda em produção; em outubro, a apresentação de Manson Superstar em Brasília, e ainda o reensaio de Graphic. Biscaia também prepara um livro com os textos de Morgue Story, Nervo Craniano Zero e Graphic para lançamento em breve.

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Serviço:

Seance – As Algemas de Houdini. Espaço Dois (R. Comendador Macedo, 451), (41) 3362-6224. 4ª a sáb., às 21 horas, e domingo, às 20 horas. R$2 e R$1 (4ª); R$6 e R$3 (5ª) e R$10 e R$5 (6ª a dom). Até 23 de outubro.

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