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Música

Show Nazareth: O amor ainda fere

Na apresentação em Campo Largo, nova pane. Sem retorno, sem microfone, sem guitarra, banda passou por dificuldades

 | Glaucia Kugler / Divulgação
(Foto: Glaucia Kugler / Divulgação)

"No eletricity", comemorava ao microfone o vocalista Dan McCafferty na primeira canção executada pelo Nazareth no último sábado (17) em Campo Largo, parte da turnê pelo Brasil da banda de 44 anos de hard rock.

O otimismo do escocês, entretanto, veio cedo demais. Logo na música seguinte, "chabu geral". Sem retorno, sem microfone, sem guitarra. Só pânico nos rostos dos demais componentes da banda. "Maldição, de novo não...", disse o chefe dos técnicos de palco.

>> Veja vídeo de um trecho do show de Nazareth em Campo Largo

Durantes longos dez minutos, os técnicos gringos e locais suaram para identificar e resolver o problema no tablado armado no fundo do ginásio de uma fábrica que fica em uma simpática "quebrada" campo-larguense. A expectativa foi transformando o genuíno entusiasmo geral da plateia numa crescente e impaciente hostilidade. Uma primeira lata foi arremessada ao palco. Logo em seguida os cabos foram conectados e tudo funcionou. Luz, guitarras, gelo seco. "Orgulhoso e barulhento", o Nazareth pode defender seu território, agora aumentado para a região metropolitana para alegria dos corações feridos que exigem um show anual da banda.

Desde 2007, os caras fizeram um show por ano em Curitiba, sede de seu maior fã clube nacional. Só falhou este ano. Algo compensado pela apresentação na cidade vizinha. O artífice do desvio de rota foi Gérson de Andrade, agitador cultural e baterista da banda Dama de Paus que abriu o show de sábado. "Queremos fazer um grande show de rock por ano na cidade", projeta o produtor. A banda sueca Roxette é seu próximo alvo. Do ponto de vista empresarial, o show foi um grande sucesso. Os quase dois mil e quinhentos ingressos a preços que variavam de R$70 a R$ 160 foram vendidos. Na plateia, famílias inteiras, casais de namorados, grupos de motociclistas, velhos fãs de rock.

A maior parte do público, no entanto, era de homens cabeludos vestindo coturno e camiseta preta – muitas do Nazareth. Grandes figuras. A agitação da noite lembrou, guardada as proporções, aqueles documentários sobre a cena heavy metal dos anos 1980, em que os fãs eram os protagonistas. Quanto ao show, o Nazareth tocou todos os grandes sucessos da carreira acompanhados em coro pelo público que imitava a voz rouca e ranzinza do vocalista. Ao final de cada música, ele pigarreava e às vezes saía do palco, fazendo supor que usava o cilindro de oxigênio que, sim, estava lá em um canto do camarim. Talvez pegando gás para tocar a gaita de fole na música de encerramento.

O outro remanescente da formação original da banda é o carismático baixista Pete Agnew, o preferido da galera.

Os grandes momentos da noite foram as execuções das duas baladas que arrebentaram nas paradas brasileiras nos anos 70 e 80: "Dream On" e, principalmente, "Love Hurts".

Em Campo Largo, casais de headbangers choraram e juraram amor eterno cantando juntos o "uhhuhhu" do refrão. Prova de que o metaleiro é, no fundo, um sentimental.

Aliás, eles nem cogitam a suposta decadência da banda, que agora toca em cidades muito pequenas. "Aqui é duas vezes maior que a cidade natal deles [Dunfermline, na Escócia]. Eles tocam em todo lugar, porque todo mundo gosta deles", disse, após comprar por R$ 30 a camiseta da turnê que dizia "Nazareth em Campo Largo 2012 - Eu fui".

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