Situações corriqueiras viram humor em “Notícias Populares”

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Situações corriqueiras viram sinônimo de comédia no espetáculo "Notícias Populares", que a Cia. Os Melhores do Mundo traz para Curitiba neste fim de semana no Teatro Positivo. A curta temporada conta com uma esquete com o personagem Joseph Klimber, o mais conhecido de todo o repertório do grupo.

No espetáculo "Toalete", o cenário passa a ser um banheiro feminino no qual mulheres de todos os tipos transitam e trocam experiências. O espetáculo pode ser boa opção para matar a curiosidade do que acontece neste "refúgio feminino".

O circuito paranaense conta ainda com dois espetáculos assinados por Alexandre França. Em "Final do Mês" e "Um Idiota de Presente", o autor trata problemas enfrentados pela classe média.

Para completar a programação, entram em cartaz as peças "Maria...Mario...José" e "O Banho", além do espetáculo de dança "Entre os Dois Lados".

Notícias do dia-a-dia nos palcos

A Cia. "Os Melhores do Mundo" volta a Curitiba depois de apenas dois meses, desta vez para apresentar o espetáculo "Notícias Populares" nesta sexta (15) e sábado (16) no Teatro Positivo. A peça, que já foi encenada na capital paranaense em 2007, traz o personagem de maior sucesso da Cia., o Joseph Klimber. O sucesso, segundo Adriano Siri, é por conta originalidade do personagem tanto na concepção de texto quanto na interpretação. "Joseph Klimber é diferente do que se faz de humor por aí, e caiu no gosto das pessoas", disse ele em entrevista por telefone à Gazeta do Povo.

Interpretado por Welder Rodrigues e narrado por Ricardo Pipo, o personagem fez sucesso na Internet depois que uma esquete foi apresentada no programa do Jô Soares, veiculado pela RPC-TV. Joseph Klimber participa da última entre as sete esquetes apresentadas no espetáculo, que são amarradas por meio de um telejornal apresentado em um telão antes de cada interpretação. "As cenas são do cotidiano, do dia-a-dia, como violência urbana e cultura da periferia", disse Siri.

Escrito há mais de dez anos, Siri contou que o espetáculo sofreu alterações ao longo do tempo. "O texto é dinâmico e é em função do que acontece na vida das pessoas", disse. A peça é aberta para improvisações, e inclusive, tem algumas das piadas adaptadas para a cidade em que são apresentadas. "Quando a gente esteve em Curitiba com ‘Notícias Populares’, já fizemos algumas referências que o público gostou muito", contou Siri.

O grupo, que podia ser visto também no humorístico Zorra Total, não deve fazer muitas aparições na telinha por enquanto. Eles tinham contrato em grupo com a Rede Globo, mas agora, apenas um dos atores dos seis da Cia. teve interesse em renovar. "A emissora requer uma atenção que a Cia. não estava podendo dispensar no momento", comentou Siri.

Humor do banheiro feminino"Toalete", peça escrita por Walcyr Carrasco (autor de novelas como "Sete Pecados" e "Chocolate com Pimenta"), e dirigida por Cininha de Paula, em cartaz no Guairinha, trata da curiosidade a respeito do "refúgio feminino".

A montagem tem apenas um cenário, que é o banheiro de um hotel luxuoso, por onde transitam tanto as hóspedes quanto participantes de uma convenção, executivas, prostituas e mulheres que se encontram para um happy hour.

Em dez cenas curtas, a peça Toalete, apresentada neste sábado (16), às 21 horas, e domingo, às 19 horas, mostra quando essas diferentes mulheres se encontram e compartilham intimidades. Longe dos olhares dos homens, estabelecem ligações ligeiras e não têm pudor em criticá-los ou revelar suas próprias histórias.

Classe média retratada nos palcos

"Final do Mês", peça escrita pelo curitibano Alexandre França, trata do esfacelamento da relação entre mãe e filha. "A situação financeira arruinada vai minar o relacionamento entre as duas", explicou França. Curiosamente, as personagens mãe e filha são interpretadas, respectivamente, pelas atrizes Claudete Pereira Jorge e Helena Portela, mãe e filha na realidade. Claudete comentou que "Final do Mês" evidencia, ainda, a falta de perspectivas dos jovens contemporâneos. "Parece que eles (jovens) não têm para onde ir", disse.

O mesmo diretor assina também a obra "Um Idiota de Presente", que também traz personagens classe média, mas não foca em questões financeiras. Duas irmãs dialogam a partir de idéias de clássicos da literatura. A atriz Verônica Rodrigues, que interpreta a personagem Maria, contou o que está no centro deste texto de França: "A peça leva a refletir até que ponto argumentos livrescos, mal-interpretados, podem levar as pessoas a becos sem saída".

Sexo trocado

"Maria...Mario...José" era uma manchete estampada em um exemplar de uma revista antiga, A Noite Ilustrada. A notícia, datada de 1938, tratava de uma mulher que procurou ajuda médica por não menstruar e, após um exame superficial, foi considerada homem, cortaram-lhe os cabelos e passaram a chamá-la de José. Essa história real inspirou o Núcleo de Teatro Profissional da Cena Hum a criar o espetáculo Maria... Mario... José, dirigido por Cristóvão de Oliveira, em cartaz no Espaço Cultural Falec de quinta-feira a domingo, às 21 horas, até 31 de agosto.

Dança contemporânea

A bailarina Renata Roel ocupa a Casa Hoffmann a partir desta sexta-feira (15), às 20 horas, com a pesquisa-solo em dança contemporânea "Entre os Dois Lados", iniciada com base em conceitos das artes visuais – a abstrata, em especial – e em pintores como o irlandês Francis Bacon (1909-1992), o francês Balthus (1908-2001) e o austríaco Egon Schiele (1890-1918), este ligado ao expressionismo.

As referências visuais, que incluem ainda a observação de imagens de corpos femininos, foram essenciais ao processo de criação do trabalho, vinculado ao Projeto de Estruturação Coreográfica da Casa Hoffmann, da qual Renata, formada em dança pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP), foi bolsista residente.

Sua pesquisa-solo buscou re-significar as linhas corporais e explorar como o toque modifica o estado desse corpo. Em dois anos de atividade, voltou-se a possibilidades de movimentos e ao corpo feminino desconfigurado.

Banho como ato simbólico

O banho como um ato simbólico. A Cia. do Abração propõe-se a explorar os possíveis significados contidos na prática rotineira de banhar-se. O ritual, o fluxo, a renovação, as memórias despertadas pelo contato da água com a pele, o momento de planejar a vida e revelar valores conscientes ou não, relacionados à moralidade e aos desejos, são aspectos abordados no espetáculo "O Banho", que retorna ao cartaz de quinta-feira a sábado, às 21 horas, e aos domingos, às 19 horas, no Teuni – Teatro Experimental da Universidade Federal do Paraná (Trav. Alfredo Bufren, 140 – Centro).

A encenação acontece em um cenário-instalação, ocupado por dois mil saquinhos plásticos que comportam quase uma tonelada de água. Nesse ambiente, sobre o qual incide uma iluminação não-usual, os atores Fabiana Ferreira, Hélio de Aquino, Carolina Mascarenhas e Val Salles compartilham a intimidade do banho e atraem o espectador para o interior de uma experiência sensorial. A montagem, dirigida por Letícia Guimarães, sofreu mudanças de elenco e na dramaturgia para esta nova temporada, que se entende até 31 de agosto.