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Você sabe em que região você mora? Sua residência fica ao norte, sul, leste ou oeste de Curitiba? Pode parecer estranho, mas grande parte dos curitibanos não tem um senso de orientação desenvolvido em relação à cidade que habita. Ao contrário de grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro, que utilizam claramente as denominações zona sul e zona norte para situar determinados bairros, em Curitiba este tipo de organização é pouco praticada, contribuindo para a falta de direção de seus habitantes.

Este vem a ser o princípio que fundamenta a exposição fotográfica Olhar Comum – Os Limites da Cidade, dos irmãos Gilson e Octávio Camargo, inaugurada ontem, no Espaço Cultural do Beto Batata. De bússola em punho, Gilson e Octávio identificaram todos os pontos cardeais de Curitiba a partir de um mapa e saíram em uma expedição de 30 dias para registrar, em 42 fotografias panorâmicas, as fronteiras da capital paranaense. "O curitibano não tem noção de espaço. Em sua maioria, são pessoas que moram na urbe e não estão acostumadas a desenvolver o senso de orientação dentro da cidade. Eu mesmo, antes desta exposição, não sabia dizer onde ficava o norte da cidade, se me perguntassem", explica Gilson, responsável pelos registros fotográficos, que contam com os textos de seu irmão, o poeta Octávio Camargo.

O registro de 360 graus de Curitiba, consistiu no seguinte método: ir até os pontos cardeais identificados com auxílio da bússola e fotografar além dos limites da cidade e também da fronteira para dentro do município. Além da aula de geografia proporcionada pela realização da exposição, a dupla teve agradáveis surpresas visuais, que vão muito além dos cartões-postais. "A cidade é muito maior do que pensávamos. Encontramos muitas imagens bucólicas e paisagens rurais, o que nos surpreendeu muito, pois a divulgação da cidade, geralmente privilegia parques e aparatos urbanos", conta o fotógrafo.

Já o "olhar comum" incluído no título da exposição, de acordo com Gilson, deve-se ao fato de as imagens terem sido feitas de lugares acessíveis para qualquer pessoa que deseje conhecer as fronteiras da capital paranaense. "Poderíamos ter feito fotos de cima da torre da Telepar ou da caixa d’água do bairro Portão, por exemplo, mas evitamos imagens grandiosas. Procuramos registrar o olhar comum a qualquer cidadão. Se uma pessoa tiver vontade de conhecer um dos limites de sua cidade, vai chegar lá e encontrar exatamente a imagem de uma das fotografias que fizemos", explica.

Além de acessível do ponto de vista visual, as fotos de Olhar Comum – Os Limites da Cidade também evitam possíveis discussões políticas quanto à desigualdade social por vezes encontrada nos limites de Curitiba. Por isso, além das paisagens bucólicas já citadas, a mostra, ao invés de detalhar a miséria de certas localidades, busca trazer ao espectador como a cidade é vista de longe por essas comunidades.

Serviço: Exposição fotográfica Olhar Comum – Os Limites da Cidade, com imagens de Gilson Camargo e textos de Octávio Camargo. Espaço Cultural do Beto Batata (R. Professor Brandão, 678). De hoje a 30 de julho. O horário de visitação é diário, do meio-dia à meia-noite e a entrada é franca. Mais informações pelo telefone (41) 3262-0840.

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