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Rage Against the Machine | Divulgação/SWU
Rage Against the Machine| Foto: Divulgação/SWU

Regina Spektor - Cantora faz show delicado

O som baixo não valorizou os vocais doces de "The Calculation", a canção com a qual Regina Spektor (foto abaixo) começou seu show no SWU, ao anoitecer de domingo. Mas logo veio o refrão de "Eet" enredando a multidão no sentimento de nostalgia – e o som se normalizou.

Canções suaves e românticas como essas, saídas de Far, disco mais recente da cantora e compositora russa radicada em Nova York, se enfileiraram no primeiro terço da apresentação: as animadas "Folding Chair" e "Dance Anthem of the 80s" e o single "Laughing With". Tocados com intensidade no piano, enquanto um trio de cello, violino e bateria acompanhava a cantora.

Não é a formação de instrumentos mais esperada em um festival de rock, o que explica a estranheza de parte da imprensa (talvez mais que do público) diante da moça. Mas Regina, em sua primeira passagem pelo país, após cinco discos lançados e hits em filmes (500 Dias com Ela), seriados (Grey’s Anatomy) e novela (A Favorita), não desapontou no que mais se esperaria dela: voz versátil, candura temperada, emotividade ao piano e canções espirituosas.

O show só não foi mais quente porque a amplidão da Arena Maeda, em Itu, não permite atenção às sutilezas (inclusive as excêntricas) de uma artista como ela. Além do que a área VIP coloca, entre palco e grande público, espectadores nem sempre interessados em ouvir música.

Com "Samson", chegou-se ao auge dos momentos sentimentais. A cantora, contudo, estava também disposta a fazer a plateia rir, com os versos atrevidos de "That Time" (empunhando o violão) e da inédita "Bobbing for Apples" ou batucando numa cadeira em "Poor Litle Rich Boy". Não faltou o peso da herança russa da soturna "Après Moi", das melhores composições de toda sua carreira. Os fãs cantaram junto.

Para terminar, "Us" e "Fidelity" trouxeram o sentimento amoroso de volta, conquistando o resto do público. GGGG

(Luciana Romagnolli)

  • Sublime
  • Dave Matthews Band
  • Kings of Leon
  • Regina Spektor

ITU (SP) - Foi como um Woodstock sem causa. Ao menos por parte do público. O SWU Music & Arts Festival, que aconteceu entre os dias 9 e 11 em Itu, interior de São Paulo, bem que tentou. A proposta era criar um evento sustentável e conscientizador, com Fórum de Sustentabilidade acontecendo paralelamente aos mais de 70 shows, as atrações principais. Mas grande parte do público brasileiro, ao que parece, não está interessado em absorver essa ideia por completo. Eles querem mesmo é pão, circo e música.

O que se viu depois dos útlimos shows de cada dia foi um mar de lixo espalhado por quase todos os 200 mil metros quadrados da Fazenda Maeda, local onde acontece o festival. Mas, se o tiro saiu pela culatra em relação à conversa em torno da sustentabilidade, houve alguns mais certeiros em se tratando da organização geral.

Fora da rota dos dois palcos onde aconteceram os shows principais, a circulação era fácil, apesar da multidão. A visão dos palcos, aliás, era facilitada pela disposição do gramado. Como em um teatro gigante, quanto mais longe da atração, mais alto o posto. A pontualidade dos shows também foi seguida à risca. Poucas bandas fizeram bis e este jornalista não lembra de qualquer momento em que não houvesse algum acorde ressoando em algum lugar. Mas nem tudo são flores na Fazenda Maeda.

Depois de encerrados os shows da primeira noite, houve um desrespeito geral com o público que ia embora em vans e ônibus. Só havia uma pequena estrada de terra para que todos os veículos saíssem. Resultado: cerca de 2 horas só para deixar o local. A organização tomou conhecimento disso. E, na segunda noite, uma estrada adjacente foi aberta para facilitar o fluxo dos veículos.

Outra reclamação frequente era em relação ao camping. Uma fila gigante formou-se em frente aos banheiros. O tempo de espera para o banho de sete minutos cronometrados girava em torno de duas horas.

A falta de preparo de alguns atendentes também tiraram pessoas do sério. No primeiro dia, não havia uma informação concreta, por exemplo, sobre a troca de fichas ou devolução de di­­nheiro, na compra de bebidas e de comida.

Pensado nos moldes dos grandes festivais, como o Coachella, e o Glastonbury, a lição que fica é que o SWU nasceu gigante, mas que têm problemas a serem resolvidos. A organização já pensa em uma outra edição para o ano que vem.

Destaques

Cerca de 48 mil pessoas compareceram no primeiro dos três dias do festival. A banda mato-grossense Macaco Bong fez um show redondíssimo no palco principal e mostrou por que é destaque na nova cena roqueira do Brasil. Quem voltou aos palcos depois do show preguiçoso e burocrático que fez no festival Just a Fest, em 2009, foi o Los Hermanos.

Mais animados – e com Marcelo Camelo mais gordinho –, a banda tocou seus maiores hits para um público sempre fiel. Bonito de ver. Já a estranhona banda The Mars Volta fez com que muitos torcessem o nariz. Ainda assim, a mistura de rock progressivo com jazz fusion funcionou bem em um palco gigante. O senão foi o tempo: escutar as experimentações vocais de Cedric Bixler-Zavala quase deu dor de cabeça.

O primeiro show no Brasil da banda norte-americana Rage Against the Machine era o mais esperado da noite. E foi como previsto: explosivo e, até certo ponto, perigoso. Logo na primeira música, "Testify", viam-se corpos quase ocupando o mesmo lugar no espaço.

O grupo liderado pelo vocalista Zack de La Rocha jogava mais gasolina em sua plateia ensandecida – palavras a favor do MST foram proferidas –, quando o show foi interrompido por falta de segurança: parte da área premium foi invadida por fãs mais igualitários. O mesmo aconteceu com o espaço destinado a uma equipe de televisão.

Mesmo enfrentando um problema de som na sequência, o RATM passou por um momento curioso. Teve de "tirar o pé" para que novos tumultos não voltassem a acontecer. "Temos que ter certeza que todo mundo está a salvo e ninguém vai se machucar", disse o músico. "Killing in the Name of" encerrou a noite raivosa.

Um dos melhores shows do festival, já em seu segundo dia, foi proporcionado pelo Sublime, agora de vocalista novo. Aproveitando o lindo pôr-do-sol em Itu, a banda escolheu um repertório certeiro e mostrou duas músicas novas para um público aproximado de 56 mil pessoas. Impressionante foi a performance de Rome, o novo homem dos vocais. Com apenas 22 anos, dominou completamente o palco e motrou-se também um excelente guitarrista. A levada malemolente do hit "Santeria" foi a trilha perfeita para que a noite chegasse.

Momentos depois, no palco ao lado, uma pequena injustiça. Regina Spektor, a frágil pianista russo-americana, comprovou todo seu talento ao vivo (leia mais no quadro). Mas foi "prejudicada" pelas próprias características de seu som, pequeno e delicado. Acompanhada de um violoncelista, um violinista e um baterista, Regina estava visivelmente preocupada com questões técnicas, e repetia gestos para sua equipe a toda hora. O som dos outros palcos também invadiam as deliciosas melodias da moça. Uma pena.

Mas quem fechou o comércio foi Joss Stone. Descalça, como de costume, a loira esbanjou carisma. Foi a artista que mais conversou com o público. Reclamou do frio, se envolveu em uma bandeira do Brasil e sorriu muito.

Com um instrumental afiadíssimo, Dave Matthews Band fez o espetáculo mais abusado da noite. E aí cedeu espaço para a badalada Kings of Leon, banda norte-americana em maior destaque no momento. Foi um show correto, pesado, mas sem grandes surpresas. O rock de arena funcionou bem. Mas só isso. A banda também mostrou novas músicas, presentes em Come Around Soundown, o quinto disco de estúdio.

As atrações principais de ontem – depois do fechamento desta edição – foram Yo La Tengo, Incubus, Queens of the Stone Age, Pixies e Linkin Park. O DJ Tiësto encerrou a primeira edição do SWU já na madrugada desta terça-feira.

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