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Em cartaz no Brasil, documentário costura relatos de mulheres que se arrependeram de abortos | Divulgação
Em cartaz no Brasil, documentário costura relatos de mulheres que se arrependeram de abortos| Foto: Divulgação

Cinema

Confira informações deste e de outros filmes no Guia JL.

Há quatro décadas, a Supre­­ma Corte, instância máxima do Poder Judiciário nos Estados Unidos, aprovou a legalização do aborto, em uma decisão tão histórica quanto polêmica. No Legislativo, possivelmente, o assunto talvez estivesse em debate até os dias atuais, tamanha a divisão no Congresso americano em relação ao tema. Realizado em 2010, o documentário Blood Money: Aborto Legalizado, primeiro filme do diretor David Kyle, em cartaz no Brasil desde a última sexta-feira, retrata as consequências da prática legal do aborto no país desde 1973 (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

Em entrevista à Gazeta do Povo, Kyle, que esteve em Curitiba na semana passada para o lançamento do longa-metragem, disse que não contou com recursos financeiros de entidades pró-vida, contrárias à legalização do aborto, mas essas organizações foram fundamentais no processo de elaboração do roteiro do documentário, pois o auxiliaram a encontrar personagens importantes, como mulheres que abortaram e hoje se arrependem e pessoas que trabalharam ou dirigiram clínicas onde os procedimentos são realizados.

Blood Money é, fundamentalmente, um filme de relatos, que são costurados no sentido de defender uma tese contundente: a partir da decisão da Suprema Corte, o aborto se transformou em um negócio milionário, e nada ético, nos EUA. Como tal, não economiza esforços para convencer mulheres, na maioria jovens psicologicamente frágeis, a optar pela interrupção da gravidez, sem lhes oferecer qualquer apoio no sentido de fazê-las ponderar sobre o impacto que esse passo venha a ter em suas vidas. Sem falar de adotar procedimentos cirúrgicos bem distantes do que pode ser considerado aceitável.

Narrado por Alveda King, sobrinha do líder negro Mar­­tin Luther King (1929-1968) e ativista da causa pró-vida, o filme não recorre apenas a estratégias emocionais para provocar o espectador a refletir sobre as implicações da legalização do aborto nos EUA. Estabelece, também, uma discussão de caráter sociológico, econômico e, por fim, político.

Uma das constatações mais perturbadoras de Blood Money é a de que, conforme as estatísticas disponíveis, a população afro-americana é a mais suscetível a essa chamada "indústria do aborto", ao ponto de correr o risco de entrar em declínio demográfico dentro de alguns anos nos EUA. A taxa de fertilidade entre negros está abaixo de 2,1 filhos por mulher, o mínimo necessário para que a população se mantenha estável, senão em crescimento.

Isso se dá porque a maior parte das clínicas está instalada em bairros de minorias étnicas, próximas a escolas de ensino fundamental e médio. Tomando como base esses dados, o documentário faz uma assertiva incisiva: Margaret Sanger, a fundadora da Planned Parenthood (a maior organização pró-aborto do mundo), teria convicções racistas e eugenistas (que defende a superioridade dos brancos) e usaria a arma do aborto como método "sutil" de genocídio.

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