• Carregando...
Autor de O Filho Eterno, Cristovão Tezza foi um dos convidados do projeto em 2011 | Divulgação
Autor de O Filho Eterno, Cristovão Tezza foi um dos convidados do projeto em 2011| Foto: Divulgação

Escalação

Saiba quem são os autores que fazem parte das antologias do projeto Um Escritor na Biblioteca:

1980Luis Fernando Verissimo, Antônio Callado, Márcio Souza, Thiago de Mello, Paulo Leminski, Fernando Sabino, Ignácio de Loyola Brandão, Nélida Piñon, Fernando Morais, Domingos Pellegrini e Helena Kolody.

2011Cristovão Tezza, Ana Paula Maia, Elvira Vigna, Luiz Ruffato, Antônio Torres, Marçal Aquino, Reinaldo Moraes, Sérgio Sant’Anna, Luiz Alfredo Garcia-Roza e Milton Hatoum.

"A literatura, à semelhança do cinema, é manipulação. Um bom livro precisa de um bom leitor. Um bom livro sem um bom leitor não é nada. Ele precisa, para se completar, que esse leitor faça essa leitura, que não necessariamente é a leitura do escritor — e geralmente não é.

O livro oferece essa possibilidade. A riqueza de leituras de um mesmo livro é um negócio absurdo."

Marçal Aquino.

"Acredito que um romance, um conto ou um poema tem muito a ganhar se o autor partir do pressuposto de que a obra pode contribuir para o conhecimento do mundo, da vida. Isso significa que aquilo, romance, conto ou poema, não é uma coisa ornamental nem apenas uma manifestação hermética de uma subjetividade impenetrável."

Rubens Figueiredo.

"Não conheço nenhum bom autor que não seja um leitor voraz. Acho que ali adquiri o gosto pela leitura, e a partir daí, o prazer de escrever. Um prazer doloroso. Sofro muito pra escrever. A alegria só vem depois que o livro fica pronto."

Fernando Morais.

Serviço

Um Escritor da Biblioteca — 1980 Selo Biblioteca Paraná. 200 págs. R$ 15.

Um Escritor da Biblioteca — 2011 Selo Biblioteca Paraná. 188 págs. R$ 15.

À venda na Biblioteca Pública do Paraná (R. Cândido Lopes, 133, Centro), (41) 3221-4900.

Na compra dos dois livros, R$ 20.

Escritor paulista e polêmico orador da abertura da Feira do Livro de Frankfurt, no ano passado, Luiz Rufatto contou que é um rato de sebo e costuma passar horas no garimpo, atrás de raridades. O autor "marginal" Reinaldo Moraes achava que só escrevia "maluquices que ninguém iria editar" e se diz assustado com o sucesso de seus livros Tanto Faz (Companhia das Letras, 1981) e Pornopopéia (Objetiva, 2009).

O romancista baiano Antonio Torres queria que seu texto soasse como um solo de Miles Davis. O carioca Sérgio Sant’Anna, quatro vezes vencedor do prêmio Jabuti, disse que gosta de registrar as ideias quando elas surgem. "Faço muita anotação. Teve uma época em que eu anotava muito em maço de cigarro. Outro dia, achei um maço de Galaxy com umas anotações que eu nem sei mais o que são."

Estas são pequenas amostras das conversas que alguns dos principais autores da literatura brasileira tiveram com o público curitibano no projeto Um Escritor na Biblioteca.

O conteúdo delas foi editado em dois volumes, lançados semana passada, pelo selo da Biblioteca Pública do Paraná (BPP).

Os livros têm tiragem de mil exemplares e serão distribuídos para todas as bibliotecas públicas do estado. Também estarão à venda na própria BPP.

De Leminski a Terron

Cada um dos livros abrange uma das diferentes fases do projeto. Criado nos anos 1980, o bate-papo trouxe a Curitiba, entre 1984 e 1986, onze autores da literatura brasileira. Entre eles Luis Fernando Verissimo, Fernando Sabino e Paulo Leminski.

Em 2011, o projeto foi retomado pela BPP com uma programação mensal. Nesta segunda fase, dez escritores já participaram. Entre eles, Cristovão Tezza, Joca Reiners Terron e Ignácio de Loyola Brandão.

De acordo com o diretor da BPP, Rogério Pereira, as conversas vão ao encontro de uma nova realidade da literatura brasileira, em que o escritor não pode mais "apenas" escrever livros.

"Espera-se dele, também, que dialogue com seus leitores, fale de seu processo criativo, das ilusões e desilusões de seu ofício e que, com isso, também desmistifique a figura do criador de ficção ou poesia", explica.

Lendo as entrevistas, é interessante constatar que na primeira fase a grande preocupação dos autores era em relação à política e à redemocratização do país. Nas atuais edições, os temas são outros. Além da formação intelectual e literária dos escritores, os relatos dão conta de assuntos como a formação de novos leitores, a profissionalização do mercado editorial brasileiro, o estudo da literatura em escolas e universidades e, claro, a autoavaliação dos escritores a respeito de suas próprias trajetórias.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]