• Carregando...
Em Reality – A Grande Ilusão, Luciano (Aniello Arena, à esq.) é um peixeiro napolitano obcecado em participar do Big Brother | Divulgação
Em Reality – A Grande Ilusão, Luciano (Aniello Arena, à esq.) é um peixeiro napolitano obcecado em participar do Big Brother| Foto: Divulgação

Serviço

Reality – A Grande Ilusão(Reality. Itália/2012).

Direção de Matteo Garrone. Com Aniello Arena, Loredana Simioli e Nando Paone. Europa Filmes. 116 min. Classificação indicativa: livre. Preço médio: R$ 47,90. Drama.

Há uma urgência no cinema do diretor Matteo Garrone, que faz dele um dos criadores mais interessantes hoje em atividade na Itália. Depois de dissecar em Gomorra as ações e a influência até planetária do crime organizado a partir da região sul de seu país, ele agora retornou, com o longa-metragem Reality – A Grande Ilusão, à cidade de Nápoles para contar uma história tão pulsante e contemporânea quanto, mas de outra ordem. Seu alvo agora é o culto à celebridade.

Com uma câmera em movimento, usada em planos-sequências exuberantes, mas sempre importantes dentro do contexto do enredo, Garrone conta a história tragicômica de Luciano (Aniello Arena), um peixeiro que ao conhecer de perto Enzo, o vencedor da edição italiana do Big Brother, entra em parafuso. Por pressão da família, uma turba divertidíssima, falastrona e sem muitos limites, ele decide que vai tentar uma vaga no programa, que está com processo seletivo aberto para mais uma temporada.

Retrato de uma Itália que vemos pouco no cinema, a do Sul, mais pobre, caótica e menos, digamos, fotogênica, Reality – A Grande Ilusão, que está sendo lançado este mês no Brasil em DVD, transcende a sua nacionalidade. Embora dialogue o tempo todo com essa cultura – por meio de regionalismos e do dialeto falado por lá –, é bastante universal. Discute uma certa obsessão contemporânea não apenas pela celebridade instantânea, mas pela singularidade: ninguém mais se contenta em ser mais um.

Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2012, Reality – A Grande Ilusão atesta o talento de um jovem cineasta que não apenas tem pleno domínio da narrativa, sempre nervosa, muito próxima do mundo e de seus movimentos, quanto da estética. Sua direção, embora tenha forte interesse no indivíduo, constrói grandes cenas, vibrantes, coloridas e com muito a dizer. Garrone, no entanto, vai além da forma: é um artista atento ao seu tempo, à Itália dos dias atuais e, mesmo bebendo da fonte ancestral de mestres como Federico Fellini, leva o cinema de seu país avante. E com muita personalidade. GGGG1/2

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]