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Marcelo D2: menos percussão, mais batidas eletrônicas | Divulgação/Washington Possato
Marcelo D2: menos percussão, mais batidas eletrônicas| Foto: Divulgação/Washington Possato

À procura da batida perfeita, o rapper carioca Marcelo D2 encontrou mais do que uma fórmula de sucesso ao misturar rap com samba. O híbrido, até então sem precedentes em meio ao mal produzido rap nacional, garantiu a Marcelo fama, fortuna e reconhecimento unânime.

Celebrar tais conquistas e ensinar o caminho das pedras aos que desejam atingir os mesmos feitos é o mote principal de A Arte do Barulho, quarto disco-solo de D2 e primeiro lançado pela gravadora EMI (o músico pertencia ao elenco da Sony/BMG).

Exaltações à honestidade e ao merecimento – o esforço como meio para se chegar às conquistas – fazem parte do discurso adotado pelo rapper em grande parte das 12 canções que compõem seu mais novo disco, caprichosamente produzido pelo mago dos estúdios Mário Caldato Jr. (parceiro constante de Marcelo e de nomes como Beastie Boys, Nação Zumbi e Bebel Gilberto). A começar pela faixa que abre e dá nome ao trabalho, "A Arte do Barulho", com participação especial de Seu Jorge: "A ordem do dia, meu amigo, é se organizar / O bonde passa, a bola rola e não dá pra parar / Se tu trabalha e é correto, uma hora vem".

O mesmo recado é reforçado em "Fala Sério!", com participação de Mariana Aydar ("Nada como ter um luxo depois de sair da lama / Diz o dito popular: morre o homem, fica a fama"); e "Oquêcêqué?" ("Uns querem dinheiro / Outros só querem emprego / Eu vou tipo Tim Maia / O que eu quero é sossego").

Já os novos nortes sonoros de D2 ficam claros entre os versos de "Pode Acreditar": "Eu vou no rock / Eu vou no funk / É hip-hop / Atitude punk". Sentiu falta do samba na receita? Pois é, a percussão volta a dar lugar às batidas eletrônicas e guitarras em A Arte do Barulho, a exemplo de canções como "Vem Comigo Que Eu Te Levo pro Céu", "A Arte do Barulho" e "Meu Tambor".

Mas a ginga de malandro, felizmente, continua presente, garantindo ao disco suas melhores composições. Em "Desabafo", primeira canção de trabalho do álbum, a levada do samba faz a base, complementada por elementos sintéticos, entre eles o excelente sampler de "Deixa Eu Dizer", canção de Ivan Lins, aqui na voz da cantora carioca Cláudia, em gravação de 1973 – o som da agulha no vinil velho deu um charme extra à canção de D2.

A percussão também fica evidente em "Pode Acreditar", em que o samba se faz novamente presente nos "laiás laiás" de Seu Jorge, em mais um dueto com D2.

Outros destaques do disco ficam por conta da sofisticada produção de Caldato, que imprime uma riqueza de detalhes instrumentais à ótima "Ela Disse" (com os sensuais vocais de Thalma de Freitas, atriz e integrante da Orquestra Imperial) e à suave "Kush" (com participação do rapper norte-americano Medaphor). GGG

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