Sobre os ombros do Gigante

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Rock ‘n’ Roll, Sexo e ... amor. Bem que pediram para Erasmo Carlos completar sua trilogia roqueira com um disco sobre drogas depois dos lançamentos de 2009 e 2011, respectivamente. Mas o Tremendão está careta. "Jamais faria um disco sobre isso", diz Erasmo, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo. "É um slogan dos anos 60. Minha trilogia hoje seria amor", conjetura o cantor, cuja autobiografia Minha Fama de Mau deve sair em filme no fim do ano que vem.

O novo disco de Erasmo Carlos, no entanto, fala de amor e um pouco mais. "O Gigante Gentil atropelou o que seria ‘Amor’", conta Erasmo.

Gigante Gentil é um apelido dado ao cantor nos anos 1960 por Lucinha Turnbull. Virou endereço de e-mail para Erasmo e uma entidade invocada por ele contra as palavras maldosas que correm soltas em tempo de anonimato virtual. É disso que fala a capa e a faixa título, que abre o disco e ganhou um clipe inspirado no universo dos gângsteres dirigido por Caja Guedes (que também é baterista da banda curitibana Esperanza, hoje radicada em São Paulo). "Detonam o Gigante/ E o estilhaço pega em mim", canta Erasmo.

"Quando comecei a trabalhar com internet me assustei um pouco, sabe bicho, com a liberdade cruel de comentários das pessoas quanto a mim. Até então sempre me abraçavam quando me encontravam na rua. Mas, de repente, vieram coisas agressivas. Estranhei", conta Erasmo. "Senti uma falta de respeito com o artista e quis defender. Mas não estou respondendo com ódio. Estou absorvendo e fazendo um comentário", explica o cantor, que diz se surpreender com a própria liberdade ao fazer comentários por aí. Os moderadores que se cuidem.

Faixas

O mesmo poder de observação inspirou faixas como "Colapso", que Erasmo compôs depois de ver sua equipe andando de um lado para o outro ao perder a conexão com a internet na firma. "Parecia o fim do mundo. Todo mundo de mau-humor, falando ‘estou sem internet, não sei o que faço!’", conta. Combinando uma dose de filmes sobre catástrofes, que Erasmo diz assistir com frequência, saíram versos como: "No apogeu da calamidade/ A falta de eletricidade/ É o colapso nas corporações / E a impotência das nações".

O disco traz parcerias com Arnaldo Antunes, com quem o cantor já trabalha desde o Rock ‘n’ Roll (2009), com Nelson Motta e, pela primeira vez, com Caetano Veloso ("Sentimentos Complicados"). "A gente se conhece há tantos anos, ele já gravou música minha, eu dele, mas não tínhamos feito nada juntos. Perguntei se era possível e ele disse que era só mandar [a melodia]", conta Erasmo. "Além do Horizonte", parceria com Roberto Carlos regravada para a abertura da novela homônima da Rede Globo, também acabou entrando. Gigante Gentil está previsto para chegar às lojas no dia 29, mas está disponível para audição no serviço de streaming Rdio.

O disco foi produzido por Kassin e conta com uma banda que reúne músicos como os veteranos Luiz Carlini (guitarra), da Rita Lee & Tutti Frutti, e Robertinho Silva (percussão), além de nomes mais jovens, como Marcelo Jeneci. "Gosto dessas coisas porque acho que enriquece o disco", conta Erasmo.

O cantor se apresenta em Curitiba no dia 26 de abril, no Guairão. Os ingressos já estão à venda. Veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo.