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Misturar rock com elementos regionais é algo que remete aos anos 90. A combinação, que ficou nacionalmente conhecida graças ao extinto Raimundos e às bandas do movimento mangue beat, foi adotada sob a velocidade da luz pelas bandas ativas em meados da década de 1990, resultando em um inevitável enfraquecimento da "fórmula", que apesar de ter revelado grandes talentos, na grande maioria dos casos, teve resultados não tão bem-sucedidos.

Passada a época em que bastava acrescentar um triângulo ou um berimbau ao som de guitarras distorcidas para um grupo ser considerado uma grande revelação do rock nacional, restaram bandas que ainda se dedicam a experimentar a partir das referências de suas regiões de origem pelo puro exercício da liberdade criativa, e não mais pela segurança comercial que tal mistura um dia veio a representar. É o caso do trio paraibano Zeferina Bomba, que acaba de ter seu álbum de estréia lançado pelo selo Trama Virtual (que já contratou as paulistanas Cansei de Ser Sexy e Rock Rocket).

O título do trabalho já dá a deixa: Noisecoregroovecocoenvene- nado. "Nós somos mesmo um tanto promíscuos com essa coisa de som. Vamos do coco ao hardcore rápido. Não temos limites", explica o vocalista e guitarrista Ilsom. Guitarrista aliás é uma denominação um tanto tradicional para Ilsom. Influenciado pela cultura dos violeiros de João Pessoa, sua cidade-natal, Ilsom empunha o que chama de viola subvertida. Trata-se de uma viola Del Vecchio (marca tradicional do instrumento de cordas), transformada por meio da instalação de um captador de guitarra coreano – "daqueles que custam menos de R$ 50", destaca Ilsom. Além disso, a viola, originalmente de 12 cordas, é utilizada com apenas seis – duas originais e quatro cordas de aço. "Minha idéia era subverter tudo partindo do princípio da contracultura. Fazer rock sem guitarra e conseguir uma boa sonoridade sem ter um bom equipamento", explica.

É o que a banda, surgida em 2003, alcança em seu álbum de estréia, que mescla canções novas a outras gravadas em uma fita demo, em 2004. Descobertos por Carlos Eduardo Miranda (produtor gaúcho recentemente mais conhecido como um dos jurados do reality show musical Ídolos), o trio foi incentivado pelo produtor a gravar algumas canções e mudar-se para São Paulo, conselho seguido por Ilsom, Guga (bateria) e Martim (baixo). Noisecoregroovecocoenvenenado foi gravado nos estúdios da Trama e produzido pelo próprio Ilsom, o que dá ao trabalho a tal sonoridade "tosca-sofisticada", perseguida pelo vocalista. São 15 faixas de distorção predominante, variação rítmica constante e letras minimalistas. Prova de que com talento é possível criar algo novo a partir de uma idéia explorada até o osso. GGG1/2

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