Os fãs da banda britânica The Police, maior expoente da new wave nos anos 80, devem ter ficado no mínimo desconfiados quando souberam que Sting preparava um álbum com versões sinfônicas de músicas do grupo e de sua carreira solo. Uma boa notícias a esses admiradores mais exaltados: Symphonicities, título do novo CD, não é, absolutamente, um desastre.
Sting escapa dos clichês do chamado rock sinfônico, fugindo de arranjos grandiloquentes, e se sai bem em quase todas as faixas, gravadas em estúdio com três orquestras de peso: The Royal Philharmonic Concert Orchestra, The London Players e The New York Chamber Consort. Fazendo um trocadilho com Synchronicity (1983) nome do derradeiro e, para muitos, o melhor disco do The Police, esse novo projeto do Sting pode até ser um capricho do cantor e compositor. Mas funciona.
Com produção de Rob Mathes e do próprio Sting, deram muito certo as releituras de canções como "Every Little Thing She Does Is Magic" (megahit do álbum Ghost in the Machine, de 1981) e "We Work the Black Seam Together" (faixa do primeiro álbum solo de estúdio do artista, The Dream of the Blue Turtles, de 1985).
Como os arranjos orquestrais são criativos e optam pelo camerístico, o resultado é bastante positivo. Assim como na bela "You Will Be My Ain True Love", escrita para a trilha do filme Cold Mountain , de 2003, faixa cujo tom folk da gravação original na voz de Alison Krauss ganhou uma roupagem medieval, tornando-se um dos pontos altos de Symphonicities.
O grande tropeço do disco é a infeliz versão de "Roxanne", de Outlandos dAmour, LP de estreia do Políce, lançado em 1978. A música, hoje um clássico do rock, ficou bizarra com um arranjo tão solene, que lhe tirou sua aura de provocação.
No mais, Symphonicities cumpre o objetivo de unir o universo clássico com o qual Sting tem flertado cada vez com mais frequência nos últimos anos ao pop. GGG
Serviço
Symphonicities. Sting. Universal Music. Preço médio: R$ 36,80;
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