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Curitiba ganha hoje a rara oportunidade de conhecer o trabalho da artista alemã Rosemarie Trockel. Sua obra é tema de exposição que inaugura a partir das 19 horas na Casa Andrade Muricy. A mostra, aberta até o dia 7 de julho, abriga uma seleção de desenhos realizados em nanquim, carvão e lápis, além de vídeos, objetos e murais. O evento é uma promoção do Instituto Goethe e do Instituto de Relações Culturais Internacionais da Alemanha, com apoio do governo do Paraná.

Trockel ganhou notoriedade ao longo dos anos 80 e 90, desenvolvendo uma obra muitas vezes descrita como polêmica. Depois de estudar artes e conhecer a arquiteta Monika Sprüth, que viria a ser sua futura galerista, ela viajou para os EUA, onde ganhou as amizades e recebeu a influência de Jenny Holzer, Barbara Kruger, Louise Lawler e Cindy Sherman.

Ao retornar, aproximou-se do grupo Mühlheimer Freiheit e começou a trabalhar. Foi quando adotou uma posição menos centrada na pintura e começou a observar, detalhadamente, formas femininas de comportamento, o que logo surtiria efeito em seus criações, na apropriação e subversão de símbolos do feminino.

O mais conhecido desses símbolos talvez seja o tricô, em alusão à mania que tomou a Alemanha a partir da década de 80. Uma colagem de fotografias chamada "Viver É Tricotar Meias" é um exemplo de atuação de Trockel na medida em que estabelece, a partir das seqüências e recortes de imagens, uma relação de ironia com a atividade costumeiramente identificada com as mulheres.

"Trockel formula posições contrárias nas quais contrapõe o gênio artístico masculino a papéis e temas femininos. Os grupos de obras individuais refletem seu ponto de vista de uma arte e mundo artístico decididamente femininos, deixando transparecer uma crítica básica ao sistema de arte vigente", escreve a curadora Urula Zeller na introdução do catálogo.

Para tanto, Trockel cria, como sugere Alice Koege, suas próprias malhas, usando motivos como foice e martelo ou o coelhinho da Playboy, replicados pelo computador, em roupas e bonés. "A produção industrial pervertendo o clichê da esposa, que manuseia sua agulha de tricô", afirma a estudiosa.

A mostra conta, ainda, com o que a curadora qualifica como "uma de suas primeiras obras-primas", o objeto "Máquina de Pintar", de 1990, que combina partes de uma prensa que suporta pincéis pendurados no ar e debruçados sobre uma superfície. "Através da produção mecância do gesto de pintar, a ‘Máquina de Pintar’ pode ser entendida como paródia no topo do gênio artístico", afirma a curadora.

Serviço: Rosemarie Trockel. Casa Andrade Muricy (Al. Dr. Muricy, 915). Inauguração hoje, às 19 horas. Informações (41) 3321-4786.

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