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Paranaense Kéfera Buchmann atrai jovens para a Bienal do Rio. | Reprodução/Instagram
Paranaense Kéfera Buchmann atrai jovens para a Bienal do Rio.| Foto: Reprodução/Instagram

Foi quase como um culto. Milhares de jovens, a maioria meninas e algumas nem tão jovens assim, gritavam loucamente por uma moça morena, baixa, bonita, que não esconde o sotaque curitibano e tampouco deixa de utilizar o nome incomum com que foi batizada. A paranaense Kéfera Buchmann foi, nesta terça-feira (8), a sensação da 17ª edição da Bienal Internacional do Livro do Rio, reunindo 3 mil pessoas (mais transmissão ao vivo para 12.800 internautas), entre grávidas, mães e outros fãs que chegaram às 5h ao Riocentro. Tudo isso para uma autora com apenas um livro publicado - e não um livro qualquer, mas uma autobiografia escrita por uma menina de 22 anos.

Kéfera, contudo, ao considerar a reação dos fãs, já tem muito a dizer. Ela é um daqueles fenômenos de internet, do tipo que cantaria para qualquer coroa sem paciência para o mundo digital que “você não gosta de mim, mas sua filha gosta”. Sua conta no Twitter é seguida por 1,2 milhão de pessoas, seu canal no YouTube é assinado por 5,7 milhões.

Por isso, cinco editoras procuraram a moça com a ideia de lançar um livro. A tarefa coube ao selo Paralela, da Companhia das Letras, que publicou, no último dia 2, “Muito mais que cinco minutos”.

“O livro só fala da minha vida antes de eu criar o canal no YouTube, quando tinha 17 anos. Já estou pensando em fazer um próximo, com dicas sobre internet, algo mais técnico”, explicou Kéfera, na Bienal, pouco antes do início da sessão de autógrafos.

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Bem produzidos, os vídeos de Kéfera tratam de temas do universo jovem, como relacionamentos, amizade e, naturalmente, o mundo das redes sociais. Foram esses seus espectadores que estiveram hoje na Bienal e que vêm esgotando os exemplares do livro. A primeira tiragem de “Muito mais que cinco minutos” foi de 75 mil volumes, mas a procura já obrigou a editora a encomendar mais 120 mil. Só na Bienal, Kéfera vendeu até aqui, no estande da Companhia das Letras, 4.150 livros.

“Ela é sensacional. É humilde, gente boa, tem uma história de superação de vida. É puro amor “, contou o emocionado Thiago Vinicius, de 17 anos, estudante que saiu de Campo Grande às 4h e foi para o Riocentro de BRT para conseguir uma senha que dava direito a ficar numa fila de mais de 5 horas e, então, conseguir um autógrafo de Kéfera.

Ao todo foram distribuídas 800 senhas para a sessão de autógrafos, que se estendeu até perto do fechamento da Bienal, às 22h. Bárbara Rachel Araújo, de 20 anos, também chegou cedo, às 5h30m, vinda de Nova Iguaçu, com o singelo detalhe de que completou hoje 8 meses de gravidez. Sua filha, que será batizada de Hadassa, vai poder se orgulhar de que sua mãe conheceu Kéfera.

“Foi bom porque me deixaram passar na frente da fila”, disse Bárbara, 12 horas depois de chegar ao Riocentro. “O bom dela é seu exemplo. Ela explica como a gente pode superar nossos problemas. Como ela, eu também sofri bullying. Eu era igual a uma tábua de passar roupa e tinha bigodinho. Isso até descobrir a cera quente.”

Como seus fãs, a própria Kéfera pareceu se emocionar com a tietagem. Assim que ela chegou à Bienal, perto das 16h30m, subiu num palco, protegido por grades e seguranças, e tentou falar num microfone. Mas foi impedida pelos gritos agudos da garotada, numa cena bem parecida com as de show de rock.

Depois, foi levada para uma sala, diferente da utilizada pelos outros autores para autógrafos: por questões de segurança, a organização da Bienal optou por reservar um espaço separado para Kéfera. A moça primeiro ajeitou a maquiagem (”Olha vocês me vendo lamber o cotonete. Preciso me ajeitar porque me caguei inteira chorando”, explicou). E, depois foi recebendo os fãs, em grupos de dez para evitar mais bagunça.

“Ainda me assusto com isso, fico emocionada. Nos EUA, tem muito youtuber que deixa atores de Hollywood no chinelo”, explicou Kéfera, cujo nome tem origem egípcia e quer dizer “o primeiro raio do sol da manhã”. - Sempre gostei muito de escrever e tenho orgulho de dizer que ninguém fez esse livro por mim. Fui eu que escrevi tudo sozinha.

Kéfera garante que é a youtuber mulher mais popular da América Latina, daí a legião de admiradores, e também a dificuldade em falar com ela.. Além dos livros a tiracolo, seus fãs apareceram com presentes como cartas, bonecos de pelúcia e até uma berinjela, esta uma piada interna para quem acompanha seus vídeos.

Segundo a editora, a distribuição das senhas tiveram de ser antecipadas em uma hora por questões de segurança. Em 30 minutos, todas as 800 senhas foram distribuídas e antes das 10 horas os fãs já estavam no Riocentro - os autógrafos só começariam às 16h30 e a previsão é de que a sessão se encerre às 22 horas.

Ainda de acordo com a editora, a quantidade de livros levada à feira carioca não foi suficiente para a demanda. Na pré-venda, foram comercializados 16 mil exemplares. O lançamento foi em 2 de setembro, mas os 75 mil exemplares da primeira tiragem não foram suficientes e a editora mandou imprimir mais 50 mil cópias.

A popularidade de Kéfera nas redes sociais justifica os números e a histeria desta terça-feira (8), na Bienal do Rio. São 5 milhões de seguidores no YouTube, 4 milhões no Facebook, 2,9 milhões no Instagram e 97 mil no Twitter.

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