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Pouco antes do boom do rock dos anos 80, os artistas-solo dominavam o cenário da música brasileira. Mas havia pelo menos uma banda com prestígio e popularidade suficientes para rivalizar com os medalhões da época: A Cor do Som. De 1977 a 1982, nenhuma outra formação era páreo para o time de instrumentistas virtuosos formado por Armandinho (bandolim, guitarra), Gustavo Schroeter (bateria), Ary Dias (percussão) e os irmãos Dadi (baixo) e Mú Carvalho. Eles vendiam milhares de discos, excursionavam pelo país e fora dele, apresentavam-se em programas de tevê e, acima de tudo, tinham o status de "supergrupo".

De volta à ativa após quase 20 anos separada, a formação original da banda acaba de lançar um pacote de CD e DVD. A Cor do Som Acústico foi gravado em agosto do ano passado, na casa de shows carioca Canecão, e contou com inúmeras participações especiais. A lista de convidados inclui grandes músicos de apoio, como o baixista Jorge Helder e o saxofonista Nilvado Ornelas, e outros nomes um tanto previsíveis – Caetano Veloso, Moraes Moreira, Daniela Mercury, Davi Moraes. Todos juntos em uma festa com um objetivo bem claro: reapresentar o grupo para as novas gerações.

"Queríamos mostrar para essa galera a força que A Cor do Som sempre teve ao vivo, além de uma tendência muito forte para o improviso", diz Dadi, que conversou com a reportagem do Caderno na semana passada, durante um intervalo das gravações do próximo CD de Arnaldo Antunes. Como seus companheiros de bandas, o baixista – conhecido como o "muso" inspirador de Caetano na canção "Leãozinho" – possui uma extensa lista de serviços prestados à MPB. Já acompanhou de Marisa Monte a Barão Vermelho, passando por Elba Ramalho, MPB-4, Chico Buarque e Novos Baianos, entre tantos outros.

A relação parece não ter fim. Ary Dias tocou com Erasmo Carlos, Luiz Melodia, Carlinhos Brown, Blitz, Rita Lee. Mú Carvalho, além de assinar trilhas sonoras, emprestou seus teclados para Alceu Valença, Legião Urbana, Fernanda Abreu, Marina Lima. Gustavo Schroeter batucou em shows e discos de Zé Ramalho, Jorge Benjor, Raul Seixas, Gal Costa. Armandinho, "herdeiro" do trio elétrico de Dodô e Osmar (seu pai), é parceiro constante dos grandes nomes do circuito de música instrumental (Paulo Moura, Yamandú Costa, Marcos Suzano). E por aí vai...

O quinteto se conheceu quando acompanhava Moraes Moreira no início de sua carreira-solo. Estreou oficialmente em 1977, no Festival Nacional do Choro, ocasião em que surpreendeu a todos com a introdução de instrumentos elétricos no esquema tradicionalmente acústico do chorinho – uma das especialidades de Armandinho. As experimentações foram além, consagrando o grupo como um dos pioneiros na fusão de rock e pop com música popular brasileira (mais elementos de jazz, funk, reggae). "Acho que essa foi a nossa maior contribuição: provar que é possível misturar ritmos brasileiros com o rock-and-roll", avalia Dadi.

De acordo com o músico, o retorno da Cor do Som deve render uma turnê nacional e, quem sabe, novos projetos em conjunto. Se o show passar por aqui, não perca: afinal, não é todo dia que cinco dos melhores instrumentistas do país se reunem sobre o mesmo palco. GGG1/2

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