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O espetáculo de Rafinha Bastos, humorista e integrante do Custe o Que Custar (CQC, exibido pela Band às segundas-feiras), não se chama A Arte do Insulto por acaso. O humorista gaúcho reclama de tudo aquilo que vê na sociedade e não consegue entender a utilidade. Detalhe: Rafinha não sabe (e nem quer) ser sutil. Nada é perdoado, nem mesmo o marcapasso de sua avó, ou a falta de criatividade nos nomes de super-herois e, muito menos, o povo nascido em Rondônia ou os fãs da "enciclopédia" Discovery Channel.

Fato é que grande parte das quase 3,8 mil que assistiram às duas sessões no Estação Embratel Convention Center no último domingo – recorde de público alcançado pelo artista em um único dia –, não se sentiram ofendidas. Transformar situações agressivas em humor e fazer com que o público ria disso é o grande desafio de um comediante. Dificuldade superada sem muito esforço por Rafinha Bastos, graças ao texto crítico e controle do timing do público, apesar das quase duas mil pessoas em cada apresentação.

O "coelho da cartola" de A Arte do Insulto está em um texto que não define o público-alvo. Em alguns casos, pode ser quase um suicídio. Para o humor desse tipo, no entanto, basta observar o perfil da plateia do último domingo para se perceber o sucesso da fórmula. Gerações opostas se uniram sem qualquer restrição: adolescentes de 16 anos divertiam-se com a mesma piada que uma senhora da terceira idade; pais e filhos se cutucavam nas situações apresentadas; e senhores riam de piadas de idosos, assim como jovens se identificavam em outros trechos.

Sobre o palco, Rafinha parece sentir mais prazer do que em sua participação na televisão, e o constante sorriso no rosto afasta os boatos de que seria o integrante mais mal-humorado do CQC. Aliás, se todos os mal-humorados fossem engraçados como Rafinha Bastos, o mundo seria menos carrancudo.

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