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Uma Thurman e John Travolta em cena de Pulp Fiction (1994), segundo filme do diretor e roteirista Quentin Tarantino | Divulgação
Uma Thurman e John Travolta em cena de Pulp Fiction (1994), segundo filme do diretor e roteirista Quentin Tarantino| Foto: Divulgação

Fatos

Confira algumas informações e curiosidades sobre Pulp Fiction: Tempo de Violência:

> O filme custou modestos US$ 8 milhões e faturou mais de US$ 200 milhões nas bilheterias ao redor do planeta.

> A obra-prima de Quentin Tarantino foi o segundo filme dirigido pelo diretor norte-americano, que estreou com o sangrento Cães de Aluguel (1992).

> Entre os principais prêmios recebidos pelo filme estão a Palma de Ouro em Cannes (1994) e o Oscar de Melhor Roteiro Original (1995).

> O automóvel Chevelle Malibu 1964, do personagem Vincent Vega (vivido pelo então quase esquecido John Travolta) era de Tarantino. E o carro foi roubado durante a produção.

> O conteúdo da maleta misteriosa que Jules e Vincent vão recuperar jamais foi revelado. Muitas teorias foram elaboradas ao longo desses 20 anos: elas vão de diamantes à alma de Marcellus Wallace (vivido por Ving Rhames). Tarantino disse que a resposta poderia ser qualquer uma que os espectadores quisessem.

Uma geração que sequer era nascida quando Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994) estreou nos cinemas, hoje, já teria permissão para entrar numa sessão da obra-prima de Quentin Tarantino. Compreensivelmente, ela foi censurada para menores de 18 anos –graças às altas doses de violência, uso de drogas e palavrões, além de uma porção de sexualidade moderada, mas perversa.

O segundo título e divisor de águas na carreira do cineasta norte-americano completou duas décadas neste ano. E foi, por sinal, exibido de novo em Curitiba recentemente, dentro da série "Clássicos", da rede Cinemark.

Foi uma chance para gerações mais novas vê-lo pela primeira vez na tela grande, com a mesma estrutura dos lançamentos atuais.

Esse foi o meu caso e desconfio que foi o caso do punhado de gente que esteve comigo na sessão de domingo passado.

E como pareceu o Pulp Fiction no telão? Mais impactante devido às proporções do cinema, naturalmente. Mas também ainda surpreendente por méritos próprios, já que, mesmo visto pela terceira vez, mostrou-se difícil de mapear devido à narrativa interconectada, fragmentada e não cronológica de três histórias: de um casal de assaltantes em um restaurante; de dois pistoleiros a serviço de um gângster, que pede a um deles que leve a esposa para a balada; e de um boxeador pago pelo mesmo chefão para entregar uma luta.

O humor irônico de Tarantino ainda faz rir – tanto o riso leve diante do nonsense quanto o riso nervoso diante do absurdo e do brutal. E também o riso de ternura nos momentos de delicadeza, ingenuidade e romantismo que o filme consegue ter.

Mas o filme parecia estar diante de admiradores – posição da qual é preciso se afastar para analisar, objetivamente: Pulp Fiction envelheceu bem?

Respondendo à pergunta, o cineasta paranaense Marcos Jorge (de Estômago, 2007), diz que sim e não.

"Não" por lançar mão de longas cenas de diálogo que dificilmente seriam empregadas hoje, tendo em vista o público impaciente da era digital."Hoje, talvez o produtor de um filme como esse diria para cortar meia-hora [de seus 154 minutos de duração]".

O diretor Paulo Biscaia, que reviu o filme no cinema no meio do ano, também aponta os diálogos como o aspecto de Pulp Fiction que não se comunica bem com o público de hoje. "O diálogo célebre sobre o Big Mac, por exemplo, ainda é engraçadíssimo para mim por causa do carisma dos atores. É afiado e não quer dizer absolutamente nada", conta. "Isso podia ser mais corriqueiro nos anos 1990, mas hoje causa estranhamento", diz.

Já na opinião do cineasta Fernando Severo, é justamente um elemento que se tornou corriqueiro no cinema mainstream de hoje – a narrativa não linear – que torna o filme menos impactante.

"Esse recurso existia no cinema de vanguarda, mas não em filmes lançados comercialmente", conta Severo. "Foi inovador para a época. Mas as novas gerações se acostumaram a ver isso."

Para Marcos Jorge, assim como para o diretor teatral Edson Bueno e para o crítico Nikola Matevski, no entanto, Pulp Fiction conservou sua originalidade apesar do risco de diluição que sofreu ao se tornar uma referência. "[Pulp Fiction] se preservou das próprias influências que teve sobre outros filmes, avalia Jorge.

Para Bueno, o filme devolveu ao cinema aspectos como a loucura e assumiu a mistura de gêneros. "Vinte anos depois, Pulp Fiction é mais que um filme, é uma tese e não envelheceu nem um plano sequer", opina.

Para Matevski, o filme é o marco de um estilo usado em muitas outras produções, mas no qual Tarantino se sai melhor que seus contemporâneos. "[É característica do diretor] a capacidade de conservar ou devolver valor a signos já desgastados demais pela repetição ou onipresença", diz. "Essa é uma característica que, muito mais importante que a narrativa circular, por exemplo, ainda conserva a força de Pulp Fiction."

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