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Um teatro de Londres pôs o primeiro-ministro britânico Tony Blair no banco dos réus por travar a guerra no Iraque, encenando um julgamento falso em que advogados de acusação e de defesa interrogam testemunhas chaves.

Enquanto aumenta o escrutínio ao legado de Blair, com a antecipação de sua renúncia, prevista para ocorrer nas próximas semanas, a peça "Called to Account" examina os fatos que levaram à participação britânica na invasão do Iraque em 2003, que prejudicou a popularidade do líder britânico. Baseado num debate entre advogados para fornecer material para o drama, a peça formula a pergunta, feita muitas vezes antes, de se Blair e seus assessores manipularam informações de inteligência intencionalmente para justificar a invasão de 2003.

Ela também focaliza a possível pressão imposta ao secretário de Justiça quando ele deu seu parecer legal sobre a guerra, em que ponto Blair concordou em apoiar o uso de força no Iraque e se o objetivo da invasão foi provocar uma mudança de regime, e não eliminar as armas de destruição em massa.

Alguns dos temas tratados na peça foram cobertos pelas investigações de Butler e Hutton, na vida real, em 2004, que inocentaram Blair e seu governo da acusação de induzir o público britânico ao erro.

Mas Richard Norton-Taylor, o jornalista do The Guardian que escreveu "Called to Account" com base em transcrições do falso debate jurídico, acha que, desde então, surgiram evidências que podem comprometer o premiê britânico.

"Called to Account" chegou pouco depois de a emissora britânica Channel 4 ter exibido "The Trial of Tony Blair" (O julgamento de Tony Blair), em que o líder é julgado por crimes de guerra.

Um comentarista, David Aaronovitch, acusou Norton-Taylor de procurar "desfazer a história," alimentando uma obsessão em torno de um problema que já foi extensamente debatido.

Por acreditar que seria criada a impressão de uma caça às bruxas contra Blair, o teatro Tricycle, em que a peça é encenada, desistiu de uma proposta anterior pela qual seria pedido ao público que atuasse como júri a cada noite, levantando as mãos para votar contra ou a favor de cada proposta.

Ao término da peça, o ator que representa o advogado de defesa Julian Knowles repete uma frase atribuída a Fidel Castro ao final de um julgamento de 1953: "A história nos absolverá."

"Tony Blair não precisa de absolvição," diz ele. "Blair não fez nada que justifique que seja condenado."

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