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Denise Fraga interpreta o cientista Galileu Galilei | João Caldas Filho/Divulgação
Denise Fraga interpreta o cientista Galileu Galilei| Foto: João Caldas Filho/Divulgação

Num momento em que fica cada vez mais claro para os brasileiros o tamanho do problema da corrupção no país, uma obra marcada por reflexões éticas como Galileu, de Bertold Brecht, faz ainda mais sentido. Assim Denise Fraga tenta explicar o sucesso de público que está tendo com a peça “Galileu Galilei”, que será apresentada no Guairinha neste fim de semana – sexta e sábado (17 e 18), às 21 horas, e domingo (19), às 19 horas.

A montagem, protagonizada por ela e dirigida por Cibele Forjaz, chega a Curitiba depois de passar por 12 cidades sempre com bons públicos, segundo a atriz. “Perguntaram como justificamos estarmos lotando teatros em um momento de crise, e acho que é justamente pela crise”, diz Denise, em entrevista à Gazeta do Povo. “Brecht é sempre incrível e sempre será atual, em qualquer época que for montado. Mas, na crise, é providencial.”

Para Denise, os dilemas vividos pelo cientista italiano – perseguido pela Inquisição por afirmar que o Sol, e não a Terra, era o centro do universo – coloca em questão coisas como os limites éticos que cada um define para si. “Acabamos de ver todos os nossos governantes venderem a alma”, compara. “Esta ‘linha’ foi completamente esgaçada. É triste haver essa associação direta, mas ficou completamente propícia”, diz.

Galileu Galilei

Sexta (17) e sábado (18), às 21H, e domingo, às 19h, no Guairinha. Ingressos de R$ 25 a R$ 70. Mais informações no Guia.

Além da política, as reflexões do texto têm vários pontos de contato com questões da vida contemporânea – desde situações corriqueiras como as relações entre patrões e empregados. “Somos todos Galileus”, diz Denise “A gente vive em uma sociedade de concessões, em que fazemos cara de paisagem para absurdos. Ninguém fala que o rei está nu. Estamos acostumados a negar verdades para não ir para inúmeras fogueiras cotidianas”, diz.

Comédia

Falando assim, parece que se trata de uma peça seriíssima. Mas “Galileu Galilei” é uma comédia que desperta muito riso na plateia, diz Denise. “Brecht propõe pensar através do humor e da ironia. Ele escreve em um timing cômico”, explica. “Ele faz todo o tempo um exercício de retórica sofisticado, mas com uma clareza incrível, e a plateia vai caminhando e rindo muito”, conta.

Associado à montagem com uma estética “festiva”, as apresentações vêm sendo um sucesso, segundo a atriz. “Fico feliz, porque isso me deixa cheia de esperanças para fazer o teatro em que acredito”, diz Denise. “É balela essa história de que o público não quer pensar.”

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