A abertura da 26ª edição do Festival de Curitiba, na noite de terça-feira (28), no Teatro Guaíra, contou com a presença da atriz Fernanda Montenegro, que, aos 87 anos, não escondeu a emoção de subir novamente no palco do Guairão, onde apresentou a leitura dramática “Nelson Rodrigues Por Ele Mesmo”. “Estou de pernas bambas, de emoção”, afirmou a atriz, para uma plateia de cerca de 2 mil convidados.
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Outra surpresa para o público curitibano foi a mestre de cerimônias da noite, a atriz Guta Stresser, que por vários anos interpretou a Bebel de “A Grande Família”, mas que se tornou conhecida do público curitibano muito antes disso, ao viver a Polaquinha, de Dalton Trevisan, no espetáculo “O Vampiro e a Polaquinha”, sob a direção de Ademar Guerra.
Classe artística
Na manhã desta quarta-feira (29), Fernanda Montenegro apresentou a mesma leitura dramática dos textos de Nelson Rodrigues para estudantes de artes cênicas de Curitiba. A apresentação, desta vez, foi no Teatro Bom Jesus. Os ingressos foram distribuídos gratuitamente aos estudantes, conforme um pedido feito pela própria Fernanda Montenegro à organização do Festival.
“Nelson Rodrigues Por Ele Mesmo” é um projeto que estreou em 2014, com a leitura de trechos do livro homônimo, uma compilação de crônicas e entrevistas do escritor, organizada por Sônia Rodrigues, filha do dramaturgo.
Durante a conversa com os estudantes de teatro, Fernanda falou um pouco sobre sua relação com Curitiba, cidade que frequenta desde 1954 e onde acompanhou a construção do Teatro Guaíra e da cena teatral local. “Curitiba é um centro teatral muito importante, não só para os da terra. Há 20, 30 anos, Curitiba era um ponto de baldeação. A gente chegava aqui, fazia uma temporada, era muito bem recebido e, aí sim, podíamos chegar até o Rio Grande e Santa Catarina. Isso nos tempos das grandes companhias, quando nos deslocávamos com 20, 30 pessoas. Curitiba sempre foi um ponto de apoio extraordinário para o teatro”, relembrou durante a conversa com os estudantes.
A atriz também falou da sua relação com o trabalho de Nelson Rodrigues, nome que, para ela, está entre o dos principais escritores brasileiros. “O Nelson foi muito perseguido em vida, mas criou uma modalidade de linguagem única”, destacou.
Durante a leitura dramática, inclusive, a atriz é citada pelo dramaturgo em um texto, no qual diz estar sendo procurado por ela há oito meses para escrever uma peça – pedido que deu origem à montagem “O Beijo no Asfalto”, uma das mais célebres do dramaturgo. “Isso também é um pouco da minha vida”, ressaltou a atriz, emocionada.
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