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Ensaio da ópera mostra que obra é composta somente por vozes femininas. | Fotos: Pedro Serapio/Gazeta do Povo
Ensaio da ópera mostra que obra é composta somente por vozes femininas.| Foto: Fotos: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

Aos poucos ressurgem produções operísticas de grande porte na cidade. Um impulso foi dado pela criação da Ópera Orchestra Curytiba (OOC), comandada por Rogério Mendes Júnior. Em junho, o grupo trouxe “L’Occasione Fa Il Ladro”, de Gioachino Rossini, e lotou a Ópera de Arame. Os problemas de acústica verificados no local foram amenizados com uma reforma recente e o uso de microfones.

Com uma única apresentação no sábado, eles fazem, também na Ópera, “Suor Angelica”, tragédia tocante de Giacomo Puccini. A obra integra o chamado Tríptico do compositor, junto com “Il Tabarro” e “Gianni Schicchi” e se passa no século 16.

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No fosso, a orquestra formada por curitibanos e músicos convidados.

Conta a história de Angelica, freira que entrou para o convento forçada após ter um filho fora do casamento. O início da obra mostra as internas num dia normal, em clima até ingênuo. Com a chegada de uma tia de Angelica, porém, a moça fica sabendo da morte do filho, dois anos antes. Entra então a famosa ária “Senza Mamma O Bimbo Tu Sei Morto”, e ela decide se matar.

Outro trecho celebrado é de silêncio, quando a orquestra toca enquanto Angelica prepara uma poção de ervas fatal. Após a ingestão vem a culpa pelo pecado mortal, mas a ópera termina com o consolo de Nossa Senhora perdoando aquele ato de desespero e mostrando o filho que a moribunda logo teria nos braços.

A encenação é dirigida por Roberto Innocente, com cenário que retrata o contexto religioso da obra. O realismo do conjunto é inspirado no período artístico em que Puccini criou, chamado de “verismo”.

Ária e silêncio

Dois destaques de “Suor Angelica” são a ária em que a freira lamenta a morte do filho e o trecho instrumental em que ela, em silêncio, prepara uma poção venenosa para si mesma.

A principal característica da obra é ser cantada apenas por mulheres, contendo, no original, vozes masculinas apenas num coro final. “Essa é uma aposta para desfrutar ao máximo as forças da cidade”, conta o diretor musical Alessandro Sangiorgi, que encontrou muita qualidade nas vozes femininas locais.

Conta-se que o próprio Puccini encenou o trabalho no convento onde vivia a irmã dele, e, contrariando seu temor de que iria escandalizar as mulheres com a trama escabrosa, ficou surpreso com a boa recepção – uma carta contando isso está disponível na página do Facebook da companhia.

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