
Curitiba não fica só reclamando do clima – também se orgulha de coisas como seus parques e literatura. Durante o Festival de Teatro, que começa para o público nesta quinta-feira (24), a Curitiba Mostra traz um recorte da escrita local em encenações que partem de obras de Dalton Trevisan, Wilson Bueno, Manoel Carlos Karam, Alice Ruiz, Luci Collin, Leonarda Glück e Priscila Merizzio.
Com a escolha de grupos que exploram o radicalismo da linguagem, o resultado promete ser inovador. No mínimo, serão espetáculos inteligentes e debochados. É o que se espera pela reunião de artistas.
Confira tudo sobre o Festival de Curitiba
“Dalton Cabaré”, com direção de Nena Inoue, seleciona contos curtos do Vampiro de 90 anos, para situá-los num “inferninho”. “Pegamos um polaco de cada colônia”, brinca Nena.
No elenco, Cássia Damasceno (da Cia. Brasileira), Kauê Persona (Antropofocus), Leonarda Glück (Selvática) e Pedro Inoue dão vida às palavras breves e certeiras daquele para quem um bom conto é “pico certeiro na veia”. Pela primeira vez, Nena convida uma das vozes mais provocativas da cidade – a cantora e atriz Simone Magalhães. Outro destaque da trilha sonora é um “tecladista de churrascaria”, enfatizando o flerte com o brega.
Humor e sarjeta
Dois autores já falecidos também serão homenageados, cada um com montagens que partem da particularidade de sua escrita.
Veja a programação completa da Mostra Oficial no Guia
Da leitura apaixonada pelo humor de Manoel Carlos Karam (1947-2007) a Companhia Brasileira traz “A cidade sem mar”. É a montagem que mais reserva surpresas, inspiradas nas brincadeiras que se faz com Curitiba, como a de que a cidade “tem só duas estações: inverno e rodoviária”.
De Wilson Bueno (1949-2010), a Selvática/Estábulo de Luxo extrai “Pinheiros e precipícios”, com direção de Ricardo Nolasco. Mais uma vez, os desvalidos dessa terra de pinheirais são protagonistas da cena. “Talvez de todos os autores ele seja o mais transgressor”, pondera Nena, para quem Nolasco tem semelhanças artísticas com Bueno.
Finalmente, a CiaSenhas selecionou autoras locais para “O Bafo da Gralha” – Leonarda Glück, aliás, aparece em três das produções.
“São grandes autoras, o que dificultou muito a escolha dos textos”, explica a diretora Sueli Araújo. “Tentamos selecionar aqueles com os quais conseguíamos estabelecer algum diálogo para a cena. A ideia não é fazer uma adaptação e sim criar elos entre as palavras das autoras e evocar vozes de mulheres desta cidade.”
A Mostra também reapresenta “Paranã”, de 2015, que reúne contos de Dalton, Bueno e Domingos Pellegrini.



