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Um filme indicado ao Oscar pode não ser sucesso de bilheteria? Por mais curioso que isso possa parecer, isso pode acontecer sim. Um exemplo é o longa "Boa Noite e Boa Sorte", que tem seis indicações ao Oscar deste ano e só perde para "O Segredo de Brokeback Mountain", que possui oito. Desde a sua estréia em Curitiba, o filme ganhou apenas uma sala de Curitiba – no Cinemark Barigüi –, sendo exibido em dois horários. Semana que vem, será apenas um.

Mesmo com o reconhecimento do Oscar – o que deveria bastar para garantir uma carreira lucrativa nas bilheterias –, a produção escrita e dirigida por George Clooney não engrenou nas bilheterias. O ator e diretor, aliás, foi escolhido o "homem do ano" por muitos veículos da imprensa mundial, como as revistas Set e Veja, para ficar em dois exemplos. Mais uma qualificação para a fita se tornar um grande sucesso? Nem sempre.

Clooney faz um pequeno papel na história, protagonizada por David Strathairn no papel de Edward R. Murrow, jornalista famoso pelos cigarros que o consumiam e por encarar a ditadura ideológica imposta pelo senador Joseph McCarthy, cujo sobrenome virou substantivo – macarthismo – para definir qualquer atitude anticomunista radical. Muitos acreditavam que McCarthy estava perdendo a noção de certo e errado, perseguindo e condenando pessoas inocentes baseado em documentos inexistentes e testemunhos falsos. Mas foi Murrow o primeiro a questionar os métodos do senador.

O filme, fotografado em preto-e-branco e embalado por uma trilha sonora jazzística de primeira, teve 30 cópias lançadas em todo o Brasil. Para se ter uma idéia da discrepância, "Munique", de Steven Spielberg, também com seis indicações ao Oscar deste ano, tem 200. Talvez uma parte da culpa pelo insucesso do filme deva ser creditada a distribuidora do longa no Brasil, a Paris Filmes.

Perguntada sobre os critérios que definem o número de cópias, a distribuidora de "Boa Noite e Boa Sorte", respondeu por meio de sua assessoria: "Se um filme é comercial, geralmente lançamos com mais cópias; se não é comercial – ou fechado, por assim dizer – lançamos nas principais capitais com um número menor de cópias. Neste caso, Boa Noite e Boa Sorte, sendo um filme em preto-e-branco tratando de um tema político, terá um público reduzido".

A distribuidora ainda não possui dados sobre a bilheteria da produção desde a sua estréia, há duas semanas. A Filme B, empresa especializada em números do mercado exibidor, lista semanalmente as 20 produções mais rentáveis dos cinemas brasileiros. "Boa Noite e Boa Sorte" não aparece entre elas.

Outro fator determinante na hora de definir o que deve ou não entrar em cartaz é a oferta de títulos e o exibidor pode preferir aqueles de apelo popular maior. Não bastasse esses empecilhos, a Paris conta que a cópia de um filme em preto-e-branco custa em média US$ 2 mil (cerca de R$ 4,3 mil), o dobro de um em cores, devido ao processo de revelação utilizado.

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