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"The Captives", dirigido pelo egípcio naturalizado canadense Atom Egoyan, foi vaiado | Divulgação
"The Captives", dirigido pelo egípcio naturalizado canadense Atom Egoyan, foi vaiado| Foto: Divulgação

O terceiro dia do 67º Festival de Cannes finalmente trouxe duas tradições do evento: as vaias e os temas sexuais. O primeiro filme a ganhar vaias consistentes foi o canadense "The Captives", dirigido pelo egípcio naturalizado canadense Atom Egoyan ("O Doce Amanhã"), apresentado nesta sexta (16). O longa protagonizado por Ryan Reynolds, em um papel bem diferente de suas costumeiras comédias hollywoodianas, trata do sequestro de uma criança de nove anos na cidade de Niagara Falls, na fronteira do Canadá com os Estados Unidos. Egoyan disse ter se inspirado em casos semelhantes no país ("Toda vez que eu retornava para casa, via os cartazes de crianças desaparecidas pendurados em locais públicos por anos a fio"), mas o roteiro é tão absurdo que resvala na paródia. A menina raptada sob os cuidados do pai (Reynolds) reaparece oito anos depois, quando a polícia descobre que ela está recrutando garotinhas para um grupo de pedófilos poderosos da região. "É um culto fictício não tão difícil de imaginar. Me parece extremo, mas no mundo em que vivemos tudo é absurdo. Por que não ir além?", diz. O problema é que o cineasta roda o suspense sem choques ou consequências físicas e psicológicas. Há vilões estereotipados (Kevin Durand, cheio de trejeitos), pistas nas quais é impossível o público acreditar e um policial esquentadinho (Scott Speedman). O segundo filme do dia, na mostra Um Certo Olhar, manteve o conteúdo sexual, porém mais explícito visualmente. "La Chambre Bleue" (o quarto azul), adaptação de livro de Georges Simenon, é o primeiro longa do ator Mathieu Amalric como diretor desde o sucesso de "Turnê", que lhe rendeu o prêmio de direção em Cannes, em 2010. O filme é fiel ao texto original, modernizado para transformar Julien (Amalric) em um empresário bem-sucedido da indústria de maquinário para agricultura. Ele deixa a mulher e a filha para passar horas em um quarto com uma ex-colega de escola, Esther (Stéphanie Cléau). A câmera dedica um bom tempo aos corpos nus dos amantes e amplia a claustrofobia da trama. Porém o longa escorrega quando Julien vira o principal suspeito de um assassinato, forçando uma sequência de flashbacks dramáticos que amenizam a ótima revelação final.

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