• Carregando...
Alessandra Colasanti encarna a bailarina vermelha saída de um quadro de Degas | Divulgação
Alessandra Colasanti encarna a bailarina vermelha saída de um quadro de Degas| Foto: Divulgação

Uma bailarina de meia e malha vermelha se apresenta como conferencista à plateia de Anticlássico – Uma Desconferência e o Enigma do Vazio (confira o serviço completo do espetáculo). Tal figura feminina desfiará, ao longo de seu discurso vertiginoso, uma profusão de referências esvaziadas, clichês amorosos, artísticos e intelectuais. É do tempo presente que fala a atriz carioca Alessandra Colasanti, autora e diretora dessa sátira que será apresentada a partir desta sexta-feira e até domingo no Teatro da Caixa.

A personagem se cerca de personalidades fundamentais para a arte e a intelectualidade. Saída de um dos quadros do francês Edgar Degas, salvou-se da miséria vendendo sua bicicleta a Marcel Duchamp e tem a seu lado um Hamlet punk que toca Chopin num piano de brinquedo.

O embaralhamento nonsense da cultura pop e da alta cultura se faz com ironia e crítica, entre projeções e simulações de talk show.

Colasanti é uma diretora inventiva e atual, conforme mostrou à frente de espetáculos como Tempo.Depois, um dos destaques do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto em 2007.

Num projeto mais autoral, como é Anticlássico, pode verter seu sarcasmo com ainda mais liberdade, a partir da intenção inicial de opor o clássico e contemporâneo (questionando o que é esse contemporâneo) num jogo de contrastes.

Sua personagem se apropria dos mundos alheios para criar um mundo próprio e comentar a realidade com humor. Ataca o narcisismo e expõe a pseudointelectualidade reinantes.

João Velho, ator filho de Cissa Guimarães, que se prepara para participar de um longa-metragem de Fernando Meirelles, compartilha o palco com a atriz nesta montagem. Mas a Bailarina de Ver­­me­­lho, que surgiu em 2007, já extrapolou os limites do espetáculo e se transformou até em performance multimídia.

Um exemplo do tipo de humor e deboche com que ela se apresenta: "Como ponto de partida, eu diria que a coisa em si é a não coisa. Eu aviso logo, importante que se diga, que eu não tenho nenhuma bandeira na manga, também não tenho nenhuma manga, na manga, também não tenho nenhuma manga at all".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]