Temporada erudita no HSBC

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Depois de receber a Salzburg Chamber Solists e o quinteto de cordas do Boston Symphony Chamber Players, o Teatro HSBC se consolida como ponto de parada no roteiro das grandes orquestras internacionais que vêm ao país. A temporada de música erudita em Curitiba já está garantida até o fim do ano, com ingressos à venda antecipadamente – como é costume nos grandes teatros estrangeiros – a partir da próxima terça-feira (leia o quadro ao lado). O Ciclo do HSBC, como vem sendo chamado informalmente, terá mais quatro apresentações este ano, com duas atrações nacionais e as presenças da I Musici de Montreal (Canadá), em agosto, e da Filarmônica de Câmara Alemã de Neuss, em outubro.

O investimento no cenário erudito é mais do que bem vindo no momento em que os Concertos Itaú Personalitté (antigo Bank Boston) abandonaram a cidade sem previsão de retorno. E não foi por falta de público. As apresentações de grandes orquestras têm lotado os teatros de Curitiba. Prova disso é que foi necessário abrir uma sessão extra devido à grande procura por ingressos para a apresentação da Orquestra de Salzburg, em março deste ano.

A aposta na música erudita é conseqüência desse retorno de público, já visto em alguns concertos realizados no teatro HSBC durante o ano passado, que motivaram o maior investimento da instituição financeira na área este ano. "Acreditamos que existam consumidores de música clássica no Brasil inteiro. E há uma demanda não atendida em Curitiba de música clássica de alta qualidade", opina Glen Valente, diretor de marketing do HSBC.

O sucesso da iniciativa deve propiciar o crescimento da programação em 2008, com ênfase na qualidade das atrações trazidas – ou "capturadas", como diz Valente, já que a maioria das orquestras tinha planos de se apresentar no Brasil que não incluíam Curitiba em princípio.

Homenagem a Beethoven

O primeiro concerto, previsto para 19 de junho, será o Tributo a Beethoven (1770-1827), em celebração aos 180 anos da morte do compositor alemão. A homenagem fica por conta da Orquestra de Câmara da PUC-PR, acompanhada pelo solista Álvaro Siviero, no Concerto para Piano N.º1 em Dó Maior, Op.15, e por Gilberto Tinetti, ex-professor de Siviero, no Concerto para Piano N.º 5 em Mi Bemol Maior Op.73 –Imperador. As obras são a primeira e a última nesse formato compostas por Beethoven.

"Achei importante escolher dois concertos com características externas comuns, mas absolutamente independentes em identidade, dada a distância cronológica entre os dois", diz Siviero. A estrutura das duas obras coincide – em ambas, o primeiro movimento é allegro, seguido por adágio-largo e o último movimento é um rondó. "Além disso, são dois concertos de forte apelo marcial épico, que exploram o virtuosismo das escalas musicais de modo impressionante", completa o pianista. O termo "Imperador", que batiza o quinto concerto, é um símbolo da admiração do compositor alemão por Napoleão Bonaparte – posteriormente frustrada, quando Beethoven entendeu as reais intenções de poder do francês.

Mussorgsky

A apresentação seguinte, no dia 28 de agosto, escapa do repertório mais tradicional com a execução da obra Quadros de uma Exposição, do compositor russo Modest Mussorgsky (1839-1881). O inusitado dessa suíte para piano, de 1874, são as circunstâncias de sua criação. Mussorgsky inspirou-se em uma exposição de quadros que visitou em uma galeria de São Petersburgo e compôs uma música para cada uma das dez telas, em uma obra unida pelo tema inicial ("Promenade"). O público poderá comparar os objetos de inspiração às criações de Mussorgsky, já que o I Musici de Montreal executará a suíte acompanhada da projeção das telas citadas.

Fundada e dirigida pelo violoncelista e regente Yuli Turovsky, a orquestra de câmara canadense estará em Curitiba pela primeira vez. O I Musici foi criado em 1983 e já excursionou pela Europa, América e Japão. Atualmente, realiza mais de cem concertos por ano em diversos países – o que lhe rendeu o prêmio especial "Difusão no Exterior" no Prix Opus do Conselho Musical de Quebec.

Brasileiros e alemães

Outubro reserva as últimas duas apresentações programadas para este ano. No dia 9, acontece o Recital de Piano de Eduardo Monteiro. O pianista carioca vive em São Paulo, onde é professor da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP, e acabou de regressar de um concerto em Moscou, no qual se dedicou a tocar apenas compositores brasileiros. Em Curitiba, a produção nacional também terá destaque, com obras de Heitor Villa Lobos (1887-1959), Francisco Mignone (1897-1986) e Lorenzo Fernandez (1897-1948), além de Beethoven e do húngaro Franz Liszt (1811-1886).

Os três primeiros concertos estão sob a organização de Álvaro Siviero – o que não ocorre no último, que trará a Filarmônica de Câmara Alemã de Neuss (Deutsch Kammerademie) ao Teatro HSBC, no dia 22 de outubro. O encerramento fechará o Ciclo HSBC com a volta de Lavard Skou Larsen, que esteve na cidade à frente do Salzburg Chamber Solists e retornará como regente da Filarmônica alemã. O programa da apresentação ainda não está decidido e é difícil de prevê-lo, já que o amplo repertório da orquestra abrange compositores barrocos, clássicos, românticos e modernos.

Serviço: Os ingressos para todos os concertos de música erudita programados para este ano no Teatro HSBC estarão à venda antecipadamente a partir de terça-feira (12), na bilheteria do teatro.

Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). A renda obtida com a bilheteria será revertida para o Instituto HSBC Solidariedade.

O horário de funcionamento da bilheteria é de segunda-feira a domingo, inclusive feriados, das 13 às 19 horas.

O Teatro HSBC está localizado na Rua Luiz Xavier, 11 A (Rua das Flores). Mais informações pelo telefone (41) 3232-7177.