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De certa maneira já se faz muita literatura na internet, seja com os blogs, ou em sites específicos, ou mesmo no interjornalismo (expressão que eu prefiro à de jornalismo on-line ou de web jornalismo, que são mais comuns, mas que não abrangem tudo o que o jornalismo pode fazer com a evolução tecnológica e a internet). A palavra escrita está saindo dos livros e indo para a tela do computador ou telefone. Uma mesma história literária pode conviver nos dois meios, pacificamente, mas respeitando suas características próprias.

Já temos muitos livros e textos literários disponíveis na internet, sejam pagos ou gratuitos. Basta acessar a página própria e, mediante alguns comandos (e, por vezes, alguma forma de pagamento), baixá-los. Editoras virtuais também existem, montando o livro na hora para o cliente que escolhe o texto em um menu próprio.

Portanto, o livro, ou a literatura e o computador já estão bem familiarizados. Mas há ainda um ou mais pontos a serem aproveitados pensando-se em texto para ser lido em telas – e, talvez, com acesso à internet. Isso já vem sendo bastante estudado, particularmente na esfera do jornalismo que trata, principalmente, do hipertexto. Notícias ou palavras-chave que se transformam em caminhos para outras notícias com outras palavras-chave, num caminhar em busca de informações correlacionadas. As palavras-chave também podem nos transportar para ilustrações ou vídeos, ou sonoras sobre o assunto levantado na reportagem.

Desde a chegada do iPad, porém, a forma de apresentação do jornalismo vem se transformando mais ainda. Há outras possibilidades. O leitor, ou o usuário da informação (e de anúncios publicitários também), seja lá como o chamaremos daqui para a frente, decide se quer que as ilustrações se mexam, se a fotografia se amplie ou se o vídeo seja acessado. Na internet, há alguns exemplos do que já está acontecendo, como o da revista Wired e, ainda mais radical, da revista Viv. Exemplos como o da revista Wired (clique aqui) (http://bit.ly/9sEXlP) e, ainda mais radical, da revista Viv (http://vimeo.com/10207926).

Uma nova forma

A literatura vai, aos poucos, se apropriando desse conceito jornalístico no seu novo fazer literário, usando as armas da informação jornalística na ficção, na imaginação. O hipertexto e as possibilidades interativas das telas de computador podem ser o início de uma nova forma de fazer literário. Isso pode ser feito, como já disse, sem prejudicar o livro em si.

Uma mesma história, seja ela um romance, uma novela ou um conto, ou uma peça teatral, pode ser "escrita" para o livro de uma maneira e para a "literatela" de outra. Quem preferir, pode até seguir, na tela, a mesma ordem de páginas do livro, mas pode, também, ter outras escolhas de caminho, que o leitor pode modificar a cada leitura.

Há várias maneiras de se oferecer a "literatela" e vários podem ser seus fornecedores. Um livro de um autor pode ter um site específico ou o próprio autor pode ter seu sítio na internet onde ofereça seus textos. Ou ainda, uma empresa, seja uma editora ou um portal, pode manter um serviço de "linkteratura" em que ofereça trabalhos de diversos autores. O que importa é que o texto estará disponível para consulta e download via internet e pode ser pago ou gratuito, dependendo do interesse do autor ou do empreendimento.

Edição especial

Quando o autor termina seu trabalho literário, ele passa (ou deveria passar) pelas mãos e cérebros de editores especializados que sugerem alguma mudança, cortes ou acréscimos, fazem correções, dão dicas, que podem ou não ser aceitas, mas, no final das contas, o livro é editado.

Se for um romance ou novela, ou uma peça teatral, geralmente o leitor, se não desistir no meio do caminho, percorre o texto da primeira à última página. Se for um livro de contos, poesias ou crônicas, o leitor pode escolher qual trabalho vai ler primeiro e não precisa, necessariamente, seguir a ordem da numeração das páginas.

Ao pensar em um texto literário para a "literatela", deve-se repensar essa linearidade da leitura. Ela deve ser oferecida como mais uma das alternativas, mas a história pode ter outro tipo de leitura, mais parecida com a oferecida pelos contos ou crônicas, em que o leitor sente-se mais à vontade para escolher o seu próprio caminho.

Além da leitura linear, da primeira à última página de forma sequencial, há o hipertexto, a palavra-chave, que pode fazer o leitor se desviar por algum caminho que ele prefira. Assim, dependendo da escolha, o "linkleitor" poderá entrar em histórias paralelas, ou retornar a um texto passado ou obter um resumo de um determinado personagem bastando para isso um clique sobre essa(s) palavra(s)-chave. Ou ainda, um autor faz uma série de livros sobre determinado personagem e, num desses livros, refere-se a um episódio de uma outra obra que pode ser acionado – o livro todo ou um resumo – com um clique.

É evidente que os editores e o autor devem estar atentos para o que fazem e não cometer equívocos que comprometeriam a leitura integral da obra. Seria ridículo, por exemplo, com um clique na primeira página, revelar-se todo o segredo de uma trama que só seria desvendada nas páginas finais. Seria impensável fazer o leitor se perder pelo caminho e não conseguir mais achar o ponto de partida ou a forma de reiniciar a leitura do ponto inicial ou de onde ele queira (para evitar isso, existem os menus de cena ou capítulos como acontece nos DVDs).

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