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Leonardo DiCaprio interpreta Cobb, sujeito atormentado que é pago para plantar uma ideia na mente de jovem endinheirado | Divulgação
Leonardo DiCaprio interpreta Cobb, sujeito atormentado que é pago para plantar uma ideia na mente de jovem endinheirado| Foto: Divulgação

Muito rápido, A Origem virou o filme de que todo mundo está falando. Pessoas saem do cinema atordoadas, querendo discutir o que acabaram de ver, pensando em voltar para assistir uma segunda vez, incentivando quem ainda não viu.

As discussões começaram antes mesmo da estreia (último dia 6, no Brasil). Por ter realizado Batman Begins e O Cavaleiro das Trevas, o diretor Christopher Nolan ganhou seguidores fiéis que compram briga a fim de defender a "visão" do cineasta. Há duas semanas em cartaz nos EUA e em outras partes do mundo, já rendeu quase meio bilhão de dólares (US$ 483,990 milhões para ser exato, até a manhã de quinta-feira passada, na página do Box Office Mojo).

No Internet Movie Database, um dos bons bancos de dados sobre cinema na internet, A Origem (Inception, no título original) aparece com uma pontuação impressionante: 9,3. A nota máxima possível é 10, quem avalia são os internautas cadastrados no site e não se pode votar mais de uma vez no mesmo filme.

A ficção científica estrelada por Leonardo DiCaprio recebeu mais de 140 mil votos e é hoje, de acordo com o IMDb, o terceiro melhor filme em toda a história do cinema, perdendo apenas para Um Sonho de Liberdade (1994) e O Poderoso Chefão (1972), cada qual com mais 500 mil e 400 mil votos.

Ainda é cedo para usar palavra "fenômeno" para classificar A Origem. Ele já é uma das maiores bilheterias do ano. Daqui a um mês, sim, será possível ter certeza do poder de fogo de Nolan e de seu trabalho. Até lá, é curioso ver como ele vai arrebanhando pessoas interessadas que estão prontas a falar maravilhas de seu trabalho, espontaneamente.

"Fazia tempo que eu não via um filme de cinema", diz o publicitário Bruno Real. Elaborando a afirmação – o que, afinal, é "um filme de cinema"? –, ele cita o YouTube como exemplo do quanto está fácil fazer um vídeo no quintal de casa e conseguir ser visto e até comentado por outras pessoas.

"Há muita coisa acontecendo", diz, argumentando que a facilidade criada por outros meios acabou criando um problema para o cinema, como se a exposição exagerada a imagens deixasse as pessoas mais exigentes, ou mesmo insensíveis, com relação ao que veem. É mais difícil fazer algo que seja interessante a ponto de prender a atenção de quem quer que seja. O currículo de Nolan indica que ele tem um talento incomum para criar histórias que os outros gostam de ver e comentar: Amnésia (2000), Insônia (2002), Batman Begins (2005) e Cavaleiro das Trevas (2008).

Real, por exemplo, mede o poder de atração do filme explicando que, ao longo da sessão, não pegou o celular nenhuma vez para conferir as mensagens.

Se tivesse de apontar uma qualidade de A Origem, Bruno Real diria que é o roteiro. "Não só a história é boa, como ela é bem contada", diz. Mas o que, no roteiro original escrito por Nolan, é tão atraente? "O tema ligado aos sonhos", diz. O cineasta tem perícia em manusear o que é "realidade" e o que é "sonho" dentro da história.

O personagem de DiCaprio, Cobb, usa uma traquitana para entrar no inconsciente das pessoas durante o sono. Costumava fazer isso para eliminar uma ideia, até que um sujeito o contrata para tentar algo inédito: inserir uma ideia no inconsciente de um freguês.

É assim que a equipe de Cobb transita por diferentes níveis de consciência. Uma das sacadas do filme é a de assumir que as pessoas podem sonhar dentro de um sonho.

"Originalidade é a maior força da A Origem", diz o analista de marketing Samuel Oh, que também destaca o roteiro de Nolan, que "não deixa nada solto". Ainda assim, diz que "cada um pode tirar uma conclusão. Há muitas possibilidades e você sai do cinema com várias ideias". Na prática, é difícil atribuir o sucesso a apenas um elemento. Para criar o tipo de fenômeno, é necessário que planetas se alinhem. Exatamente como agora.

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