• Carregando...

Após a chegada de três filmes que concorrem ao Oscar na semana passada, as estréias desta sexta-feira (10) nos cinemas de Curitiba trazem para a capital paranaense mais três longas que concorrem ao maior prêmio do cinema mundial. Na rabeira das superproduções hollywoodianas, outras quatro fitas acertam em cheio aqueles que preferem filmes mais densos e com abordagens distintas. É opção para todos os gostos e gêneros.

Você gosta de rock n’ roll? Se a resposta for afirmativa, um filme imperdível entre as estréias da semana é o longa "Johnny e June". A fita conta a história de ninguém menos do que Johnny Cash, um dos ícones do estilo criado por Chuck Berry e Elvis Presley nos Estados Unidos na década de 50. Dirigido por James Mangold, a saga do astro norte-americano é retratada fielmente, mas chegar às telonas não foi fácil. Foram necessários oito anos entre conseguir os direitos da adaptação com o autor James Keach, amigo pessoal da família Cash, e conseguir um estúdio interessado em rodar o filme. Grandes corporações, como a Universal, Sony, Paramount e Warner Bros se recusaram a fazer o longa. Coube à Fox tornar o projeto realidade.

E valeu a pena, porque desde a juventude em uma fazenda de algodão, até o estrelato ao lado de nomes como Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Roy Orbinson, Johnny Cash toma vida pelas mãos do ator Joaquin Phoenix, um dos mais cotados candidatos ao Oscar de melhor ator. O próprio Cash o escolheu para ser o protagonista da sua obra. Na trama do longa, a personalidade marginal do astro do rock e a sua infância tumultuada, sobretudo pela morte do seu irmão Jack, tornam "Johnny e June" um filme comovente, que fala sobre questões que envolvem músicos de ontem e de hoje, que caminham sobre o fio da navalha entre o sucesso e a autodestruição. Na vida de Johnny Cash, apenas June Carter pode salvá-lo. E até que isso aconteça, a comédia, o drama e o clima musical do filme dão o tom da narrativa.

Há algum tempo um romance contestador não chega aos cinemas com tanta força. Após um período de estagnação do gênero, "Orgulho e Preconceito" estréia em Curitiba com um grande frisson, não só pelo fato de ter recebido quatro indicações ao Oscar, mas também porque ele é baseado no livro homônimo da escritora Jane Austen, também autora de clássicos que deram origem a filmes como "Emma" e "Razão e Sensibilidade". Assim como nestes dois longas, o filme do diretor Joe Wright mantém características já conhecidas das obras literárias da autora: o foco nas intrincadas nem sempre pacíficas relações entre classes sociais na Inglaterra do início do século 19; e o olhar feminino diante desse mundo em mutação. No enredo do filme, uma história de amor que vai além do meramente romântico, encabeçada por Elizabeth Bennett, vivida com graça, carisma e bravura pela encantadora Keira Knightley (de "Os Piratas do Caribe" e indicada ao Oscar como melhor atriz).

Ela é uma das cinco irmãs Bennet, que vivem na Inglaterra no ano de 1797. Todas foram criadas pela mãe, uma mulher que tem uma profunda fixação em encontrar maridos que garantam o seu futuro e o das filhas. Após um período no qual a irmã mais velha de Elizabeth, Jane, consegue arrumar um bom casamento, ela acaba recebendo a atenção dos intentos casamenteiros da mãe. É quando ela conhece Mr. Darcy, elegante cavalheiro da nobreza que nutre pelos Bennett um discreto, mas claro desprezo. Porém, para sua própria surpresa, acaba por sucumbir a uma paixão fulminante e até certo ponto indesejada por Elizabeth. Ele atende as exigências da moça, que só aceita se casar com um homem por quem nutra um amor puro e verdadeiro. O choque de preconceitos e valores de duas pessoas de classes sociais distintas provoca muitas discussões entre o casal, que contém os seus sentimentos o quanto podem, mas acabam se entregando a esta avassaladora paixão.

Não bastasse já haver sido indicado ao Oscar por "Boa Noite, e Boa Sorte", George Clooney estréia em outra produção que pode lhe dar outro prêmio da Academia de Hollywood. E o enredo dos dois longas é semelhante e explora de forma maniqueísta a luta entre o bem contra o mal. Se no primeiro a luta é interna entre o político Joseph McCarthy contra aos possíveis comunistas norte-americanos, já em "Syriana – A Indústria do Petróleo", o tema também é a política, em um embate entre a democracia (os Estados Unidos, no caso) contra a política ortodoxa do Oriente Médio, baseada em suas reservas de petróleo.

O combustível fóssil torna a história interessante, o que o faz uma das melhores estréias da semana. Tendo como inspiração o livro do ex-agente da CIA Robert Baer, Clooney vive o investigador da CIA Bob Barnes, responsável pela área de terrorismo ao redor do planeta há 21 anos. Com o aumento no número de ações terroristas, Robert percebe que a então agência que deveria se preocupar com segurança acaba tornando-se apenas mais uma máquina de politicagem. Como vários sinais de novos ataques foram ignorados, devido à inexperiência dos políticos na área de terrorismo, a tendência é que a profusão de acontecimentos quem vem a seguir deixe o espectador desnorteado. Talvez seja está a intenção, visto o enorme número de alter egos que o filme apresenta e as ligações complexas entre cada um dos personagens. Entre as curiosidades, este é o quarto filme que George Clooney e Matt Damon trabalham juntos. Os anteriores foram "Onze Homens e Um Segredo", "Confissões de uma Mente Perigosa" e "Doze Homens e Outro Segredo".

Outra opção um pouco mais "explosiva" também deve agradar aos curitibanos. "Filhote" é uma produção espanhola que mistura diversos elementos controversos, como homossexualidade, drogas, aids e infância, todos envolvidos no mundo dos "ursos", um termo largamente utilizado na comunidade gay para denominar pessoas gordas. Na história, o dentista homossexual Pedro tem que cuidar de um sobrinho de apenas nove anos, após a mãe da criança ter sido presa portando drogas. A presença do garoto transforma a vida então agitada de Pedro. Ele entra em um período de abstinência sexual. O filme, de 2004, não tem o menor pudor em mostrar beijos pra lá de calientes entre Pedro e seus parceiros na cama e em outros locais pouco convencionais. Tudo sem a comum vulgaridade, tão explorada em filmes do gênero.

Em outras estréias não tão badaladas, destaque para a produção "A Mulher do Meu Irmão". No longa, Zoe é uma mulher atraente que, depois de dez anos, percebe que a sua vida está sem graça, vazia e sem grandes paixões ou surpresas. Logo ela se dá conta de que o irmão do seu marido pode trazer de volta a sua alegria se viver. Sentindo-se seduzida por ele, está formado um triângulo amoroso que esconde um complicado jogo de segredos, vinganças e paixões entre os personagens.

Já quem quiser conferir uma animação, a pedida da semana é "A Terra Encantada de Gaya". O nome do longa é inspirado em um programa de TV que se passado em um mundo paralelo e fantástico, cheio de paisagens paradisíacas e que conta com os mais diferentes seres vivos. Os protagonistas são os personagens Zino, Boo e Alanta. Como os vilões, destacam-se Snurks, Galger, Zeck e Bramph. Os dois lados lutam para encontrar a pedra mágica, que é nada mais nada menos do que o elixir da vida de Gaya. O atrito entre Gayanos e Snurks é inevitável, mas quando acabam arrastados para uma outra dimensão, eles devem se unir para poder sobreviver.

Na Cinemateca, a sexta-feira marca o retorno da exibição do filme "São Jerônimo", do diretor Júlio Bressane. O longa foi lançado em 1998 e é uma cinebiografia sobre o monge Jerônimo, responsável por criar a Bíblia latina, Vulgata, de onde saíram todas as traduções em línguas românicas do texto sagrado, principal fonte de influência da literatura ocidental. O filme também narra as influências sofridas pelo monge em sua estadia em Roma, no período do papa Damaso.

Confira os endereços e a programação dos cinemas

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]