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Tom Zé no show O Pirulito da Ciência: resgate da carreira de 50 anos | Divulgação
Tom Zé no show O Pirulito da Ciência: resgate da carreira de 50 anos| Foto: Divulgação

O cantor, compositor e jardineiro Tom Zé não para. Cria, recria e transforma. As novidades agora são o disco e o DVD O Pirulito da Ciência, que revê seus 50 anos de carreira em 16 músicas (no caso do CD) e no show produzido especialmente para a gravação. Dirigido por Charles Gavin, ex-baterista dos Titãs, o material traz também entrevistas e depoimentos do baiano.

Gravado no Teatro da Fecap em São Paulo, em 2009, o show relembra vários momentos de sua trajetória musical.

"Achei a veia do que eu ambicionava fazer em música bastante tarde na minha vida e é como se agora eu não tivesse nem 15 anos ainda. Estou apaixonado pelo trabalho e tenho esperança de realizar alguns sonhos de composição", diz o músico.

Entre as músicas memoráveis estão "Tô, Heim?" e "Ui (Você Inventa)", do aclamado álbum Estudando o Samba, de 1975. Brilham também, dentre outras, "Augusta, Angélica e Consolação" e "Brigitte Bardot" (do disco Todos os Olhos, de 1973), "Menina Jesus" (de Correio da Estação do Brás, de 1978), "São São Paulo" e "Parque industrial" (do disco de estreia Grande Liquidação, de 1968), "Fliperama" (do CD The Hips of Tradition, de 1992, de onde o termo "O Pirulito da Ciência" foi extraído) e a recriação/encenação de "João nos Tribunais", "O Céu Desabou" e "Síncope Jãobim", faixas do mais recente trabalho, o CD Estudando a Bossa, de 2008.

"Em cada show, na verdade, qualquer ‘Augusta, Angélica e Consolação’ sai completamente diferente do disco anterior, porque o dia, a Lua, o tipo de público, alguma manifestação ocasional, tudo traz mudanças à interpretação", pondera o artista.

Com tantas músicas no show – são 24 no total – e uma distância cronológica entre elas, Tom Zé se dá ao luxo de inverter ou até mesmo esquecer letras. É tudo um grande e divertido improviso. "Os lapsos são um recurso para cada show ter vida instantânea e presente. Todo mundo sabe que em um DVD, se você quiser, é possível tirar todos os lapsos. Mas como é que vou tirar justamente o que faz o encanto da presentificação?", argumenta Antônio José Santana Martins, 73 anos.

Considerado uma das figuras mais originais da música brasileira, Tom Zé foi participante ativo da Tropicália, nos anos 1960, para nas décadas posteriores experimentar e ousar em sua própria música. No final dos anos 1980, foi "redescoberto" por David Byrne (ex-Talking Heads), que o visitou no Rio de Janeiro. Seus discos foram lançados nos Estados Unidos e o mundo ficou sabendo quem era Tom Zé – Com Defeito de Fabricação, de 1998, foi eleito um dos dez melhores álbuns do ano pelo jornal The New York Times.

Zé explica sua relação atual com Byrne. "Fiz o prefácio do livro dele, Diário de Bicicleta, lançado há uns dois meses no Brasil. No ano passado conversamos muito quando ele fez a versão de ‘Outra Insensatez, Poe’ e cantou essa versão no disco Estudando a Bossa".

Fazendo jus ao que é no palco, Tom Zé desata a falar, a profetizar, a surtar, dessa vez sobre a música brasileira. "Enquanto o folclore fizer trepidar o chão brasileiro num média de cinco graus na escala Richter, esse terremoto abrirá fendas no nosso chão e encontrará pessoas inspiradas como se fossem oráculos de Apolo para aspirar esses gases envenenados e fazer a boa música que fazemos e para a qual todo o mundo olha". Que assim seja. GGG1/2

Serviço

O Pirulito da Ciência. Tom Zé. Biscoito Fino. MPB. R$ 49,90 (DVD) e R$ 29,90 (CD).

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