• Carregando...

A cena já aconteceu uma vez em Curitiba e vai se repetir na noite de hoje. Serão centenas de pessoas – a maioria de roupas pretas, caras de mau, piercings e tatuagens espalhados pelo corpo – cantando em coro letras sobre Nellie, uma simpática elefantinha que rompe as correntes de ferro e foge do circo. Ou sobre uma certa lavanderia que estraga as roupas dos seus clientes. Ou sobre Glenda, uma moça que resolveu ter um bebê de proveta.

Michael Algar, ou simplesmente Olga, como é conhecido o líder dos Toy Dolls, banda inglesa que se apresenta hoje no Callas, é talvez a única pessoa no mundo a conseguir montar a cena acima. Desde 1979, quando montou a banda, Olga manteve três características básicas nos Toy Dolls: primeiro, uma animação incomum no mundo do rock de hoje, determinado a fazer as pessoas sofrerem com tons menores e letras depressivas; segundo, uma ligação com o rock clássico, sem frescuras; e terceiro, a melhor e mais rápida guitarra da história do punk.

A relação de Olga com o mundo punk, na verdade, é bastante curiosa. O guitarrista tem tudo de um punk britânico da safra original, do corte de cabelo ao gosto por tocar música rápida e básica. Mas, por outro lado, as músicas do grupo passam longe do estereótipo dos três acordes ou da falta de técnica que normalmente se associa aos punks. Além disso, as letras têm um grau de refinamento bastante curioso. Não apresentam nada de contestação ao sistema, como se imagina de uma banda do gênero. Pelo contrário, falam de personagens da vida real: o camarada viciado em tevê, o rapaz que namora a filha do pastor, o guri que vê a namorada no carro de outro.. Tudo muito engraçado e muito bem feito.

Na primeira passagem da banda por Curitiba, em 1995, o grupo levantou coros da platéia, especialmente nos clássicos "Nellie, the Elephant" e "Glenda and the Test Tube Baby". O show foi no antigo Aeroanta, que depois cedeu lugar ao Espaço Callas, onde a banda se apresenta hoje. Olga tem feito um certo suspense sobre a continuidade da banda. O disco atual se chama (em português) Nosso Último Álbum?, com uma interrogação no final. A turnê também se chama assim – Nossa Última Turnê?. Mas não há certeza de que a banda está mesmo para acabar. De qualquer maneira, quem quiser ter certeza de que vai ver os Toy Dolls mais uma vez tem a chance hoje à noite. É só desmanchar a cara de mau e começar a cantar a música da elefantinha. Diversão garantida.

Serviço: Toy Dolls. Espaço Callas (R. Piquiri, 275), (41) 3333-3028. Hoje, às 22 horas. Ingressos a confirmar.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]