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O ano era 1806. A aliança entre França e Espanha ameaçava os interesses da Inglaterra quanto ao domínio do rio da Prata, na Argentina. As tropas inglesas optam por uma manobra arriscada: a invasão da capital, Buenos Aires. Em meio ao episódio histórico, decisivo para a independência da América espanhola, um jovem soldado britânico se apaixona por uma prostituta irlandesa e o destino de ambos é marcado pelas conseqüências dos interesses financeiros que movem os colonizadores. Esta é a trama de El Gaucho (Conrad. 144 págs., R$ 35,10) álbum que reúne duas referências absolutas dos quadrinhos italianos – Hugo Pratt (roteiro) e Milo Manara (ilustração) – e que acaba de chegar às prateleiras nacionais.

Nascido em 1927, na Itália, Hugo Pratt ficou mundialmente conhecido nos anos 70 e 80, graças às aventuras do marinheiro Corto Maltese, traduzidas para 15 idiomas. Na mesma época, Milo Manara, nascido em 1945, consagrava-se como um dos maiores ilustradores dos chamados quadrinhos eróticos, com trabalhos marcantes como a série Clic. El Gaucho reúne, portanto, dois elementos de primeira categoria: o roteiro inteligente e bem-estruturado de Pratt e os traços realistas de Manara, que além de se dedicar a ilustrar suas já famosas mulheres nuas, mostra que seu talento vai muito além do erotismo nas cenas de luta entre ingleses e argentinos.

A história é narrada a partir das memórias de um misterioso velho de cem anos de idade, que revela ter participado da invasão inglesa. Aos poucos, o leitor descobre tratar-se do soldado Tom Browne, que conta os detalhes da paixão que nutria pela sensual irlandesa Molly Malone, uma das prostitutas do navio Encounter, onde costumavam se divertir as tropas inglesas. Os bastidores da invasão britânica são contados em detalhes que se intercalam com o destino de Tom e Molly, separados de forma trágica pelo conflito.

Omaha Outro lançamento recente da Conrad é um clássico dos quadrinhos adultos, Omaha – A Stripper (Conrad. 126 págs, R$ 29), do casal norte-americano Reed Walker e Kate Worley. Um dos filhotes da cena de quadrinhos underground dos anos 80, a personagem Omaha, nascida em 1986, é uma gata dançarina de uma boate de striptease. Uma crítica de Walker ao puritanismo que tomou conta dos EUA na época do primeiro governo de Ronald Reagan – os clubes de striptease eram constantemente alvos de novas leis que proibiam seu funcionamento – , as histórias da personagem também deram chance à sua esposa, Kate, de abordar ideais feministas a partir do controle exercido pela mulher-gata em qualquer pessoa que a via dançar.

Na ocasião do divórcio de seus criadores, em 1994, Omaha passou um tempo na geladeira, visto que Walker e Kate recusavam-se a continuar trabalhando juntos. Em 2002, porém, a dupla voltou a acertar os ponteiros e a produzir mais histórias da gatinha stripper.

O terceiro livro da coleção Eros, dedicada a reunir obras representativas do erotismo mundial em quadrinhos, apresenta cenas da intimidade de Omaha e seu envolvimento com personagens que também seguem sua linha de criação – meio animais, meio seres huma-nos. Em meio às tórridas seqüências de sexo, guiadas por um roteiro maduro, sobressaem-se cenas de intensa sensibilidade e delicadeza, típicas do co-tidiano de qualquer casal.

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