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Última Parada 174: ficção conta a biografia do assaltante Sandro do Nascimento | Divulgação
Última Parada 174: ficção conta a biografia do assaltante Sandro do Nascimento| Foto: Divulgação

Extras

Com orçamento de R$ 8 milhões, Última Parada 174 é o primeiro filme produzido pelo diretor Bruno Barreto.

Diálogo entre atores

O elenco reúne atores jovens, formados em grupos como o Nós do Morro, na comunidade carioca do Vidigal, e profissionais. Para que "tocassem a mesma música", Barreto pediu aos mais experientes que assimilassem o registro dos mais novos. "O diálogo vem em primeiro plano, mais sujo na maneira como é dito."

Sucessos de bilheteria

Com 18 longas no currículo, Barreto dirigiu sucessos de bilheteria como Dona Flor e Seus Dois Maridos, que teve mais de 12 milhões de espectadores, e O Casamento de Romeu e Julieta, visto por mais de 1,5 milhão de pessoas. Também realizou Bossa Nova (com sua ex-mulher Amy Irving e Antônio Fagundes) e Caixa Doi$. (AV)

Chacinas, crimes passionais, latrocínios. Os noticiários estão repletos de episódios de extrema violência – basta lembrar de um caso bem recente, que ainda repercute na mídia, o assassinato da adolescente Eloá, de 15 anos, pelo ex-namorado Lindemberg Fernandes Alves, em Santo André.

Por isso mesmo, não é fácil digerir um filme como Última Parada 174, de Bruno Barreto – ficção que nos mantém atados a uma realidade que é mais do que compreensível desejar varrer para debaixo do tapete nos momentos de lazer.

O drama recria a história real de um seqüestro sempre lembrado quando se discutem questões como abandono infantil, marginalidade, tráfico de drogas e violência no contexto brasileiro. No dia 12 de junho de 2000, o país parou para assistir pela televisão, ao vivo, ao desenrolar do seqüestro de um ônibus no Jardim Botânico, bairro nobre do Rio de Janeiro, por Sandro do Nascimento.

O assaltante de 22 anos, que seria morto pela polícia após matar uma refém, tornou-se, em 2002, a figura central do documentário Ônibus 174, de José Padilha (Tropa de Elite). "Achei o filme perturbador", conta Barreto, que resolveu fazer uma versão ficcional da história como forma de exorcizar o que, mesmo sob a forma de fatos, lhe parecia pouco real. "Você vê um episódio como esse no Jornal Nacional e não acredita. A ficção ajuda a dar sentido à realidade."

Mais do que explorar o seqüestro, o diretor, com a ajuda do roteirista Bráulio Mantovani (Cidade de Deus e Tropa de Elite), propõe um viagem interessante: vai buscar na história de vida de Sandro respostas para sua "explosão" final. Ele retrocede no tempo ao narrar o nascimento do jovem, o assassinato de sua mãe em um assalto, a vida nas ruas, o uso de drogas e a prisão na Febem.

O diretor tomou a liberdade de inserir elementos fictícios à história, para imprimir mais força ao drama que desejava retratar. Um exemplo é o triângulo fictício que estabeleceu entre Sandro (Michel Gomes), Alessandro (o bandido Alê Monstro, vivido por Marcello Melo Jr.) e Marisa (Cris Vianna), que teve o filho roubado por um traficante, quando ele ainda era bebê. Segura de que Sandro é o filho perdido, ela o recebe em casa.

A personagem Marisa foi inspirada na imagem de uma mulher que segurava uma rosa vermelha no enterro de Sandro. Barreto descobriu que ela havia abrigado o menino por um tempo. "Parecia que ela estava enterrando um filho verdadeiro", conta.

As inserções ficcionais, no entanto, não comprometem o relato da história real. Há, inclusive, uma reconstituição da chacina da Candelária, ocorrida em julho de 1993, da qual Sandro é um dos sobreviventes.

O filme prende a atenção desde a primeira cena, de grande violência, em que Marisa tem o filho arrancado das mãos. Se a primeira reação é fechar os olhos, em seguida Barreto nos conduz, mesmo a contragosto, pela trilha errática de Sandro – retratado com as ambigüidades da vida real. "Ele não era um anjinho. Mas também não estava disposto a matar", diz o diretor.

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