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George W. Bush engambelou o eleitorado ao alegar a existência de armas nucleares no iraque para marchar sobre o país À época, houve quem dissesse que o presidente norte-americano estava interessado no petróleo do Oriente Médio. Outros foram logo afirmando que combustível fóssil não é razão suficiente para se criar uma guerra. Se não a principal estréia de hoje nos cinemas, com certeza a mais intrigante, Syriana – A Indústria do Petróleo sublinha o valor dos poços orientais para a América e o mundo, além de sugerir que o controle sobre eles é essencial àqueles interessados em poder, dinheiro ou ambos (impossível dissociar um do outro na atualidade). Se justifica todo tipo de ação sórdida – vide o filme –, por que não renderia um conflito? Ou vários?

A matéria de Syriana é conflitos. Pequenos e grandes. Embora seja inspirada pelo livro See No Evil, relato das experiências do ex-agente da CIA Robert Baer, a produção é fictícia (assim diz o aviso ao final da projeção). Na tela, não existem Bush, Iraque, Saddam ou Bin Laden. Resta o alter ego óbvio de Baer, Bob Barnes, personagem de George Clooney (quase 20 quilos mais gordo, indicado ao Oscar de ator coadjuvante). Com Barnes começa a história. Agente veterano da inteligência americana, ele viaja a Teerã para eliminar comerciantes de armas – tarefa que cumpre sem dificuldades, porém um míssil acaba desaparecendo. De volta aos EUA e pressionado por seus superiores, recebe nova missão: eliminar o príncipe Nasir Al-Subaai no Líbano (cujo país de origem não é revelado, sabe-se apenas que fica na região do Golfo), responsável por acordo fabuloso que privilegiou chineses sobre americanos. Não esqueça: tudo relacionado ao petróleo.

Têm início as complicações (daí a abundância de parênteses deste texto). Além do episódio com Barnes, há o do analista Bryan Woodman (Matt Damon), que se torna assessor pessoal de Nasir depois de uma tragédia familiar, há o do advogado Bennett Holiday (Jeffrey Wright), que investiga a fusão de duas empresas petroleiras, e, por fim, o do paquistanês Saleem Ahmed Khan (Shahid Ahmed), desempregado recrutado por radicais islâmicos para realizar alguma barbaridade. A profusão de nomes, cargos e interesses pode deixar o espectador meio perplexo. A idéia parece ser essa. São tantos personagens mais ou menos ativos na história e tantas as ramificações e pontos de contato possíveis entre um fato e outro que a melhor forma de transitar por eles é ignorar alguns e pinçar outros. Os impactos ao longo do caminho – que não são poucos – serão sentidos, pouco importa se você lembra ou não o nome do advogado crápula que surge para pressionar o pai do príncipe Nasir (no caso, o rei). Aliás, ele se chama Dean Whiting (Christopher Plummer).

De acordo com o site oficial http://syrianamovie.warnerbros.com, o termo syriana (do latim, relativo à Síria) é usado por especialistas americanos para designar um Oriente Médio democrático (e, até aqui, utópico). A produção politizada entra para o currículo de George Clooney bem ao lado de Boa Noite e Boa Sorte (ainda em cartaz), com a qual concorre a seis categorias do Oscar deste ano (incluindo direção, filme e roteiro original) e remonta o embate real entre o jornalista Edward Murrow e o senador mentecapto Joseph McCarthy, responsável pela perseguição sistemática e infundada de inúmeras pessoas supostamente ligadas ao comunismo. GGGG

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