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O Preço da Paz, que estréia hoje em cinemas do Paraná, tem as qualidades e os defeitos daqueles projetos feitos com muita paixão por seu idealizador, no caso o produtor curitibano Maurício Appel, que queria muito trazer a público a história do Barão do Serro Azul. Não se engane, apesar da direção de Paulo Morelli e do roteiro de Walther Negrão, o longa é um trabalho com a assinatura de Appel.

Positivamente, deve ser ressaltado o esmero da produção, com um consistente trabalho de pesquisa que permitiu uma ótima reconstituição de época – a transformação da cidade histórica da Lapa no Largo da Ordem de Curitiba é perfeita. As demais partes técnicas do filme também são muito bem cuidadas, desde a premiada montagem (de Morelli), passando pela fotografia (Luiz Branquinho) e incluindo a trilha executada pela Orquestra Sinfônica de Berlim. Até as cenas de batalha, seqüências até agora complicadas de se fazer no cinema brasileiro, tiveram realização satisfatória.

Fita boa visualmente, mas um tanto arrastada em seu desenvolvimento narrativo. O roteiro se assemelha um pouco a um novelão de época das seis da tarde, uma das especialidades de Negrão. Nada contra a opção, pois este tipo de texto agrada em cheio a uma boa parcela do público, mas o roterista deveria ter inserido mais conflitos na trama. Os maragatos aparecem, inicialmente, como antagonistas da história, mas como têm uma causa, logo passam para o lado do "bem". A função ficaria então com Vicente Machado, presidente do estado que fugiu para Castro, deixando a população de Curitiba à mercê de sua própria sorte, mas o personagem é pouco explorado, assim como os florianistas.

O filme tenta transformar o barão em um verdadeiro herói do povo curitibano – seus atos podem levá-lo a ser considerado dessa forma –, mas, em um filme, se há um grande herói, é preciso um antagonista a altura. Vale lembrar ainda que a trajetória de Ildefonso Correia no conflito dos maragatos revela um pouco do modo de ser do paranaense, com seu tom conciliador – mas, em certos momentos, isso pode significar também uma certa passividade diante do estado das coisas; no caso do barão, essa postura pode ter contribuído com sua execução. GGG

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