• Carregando...
A diretora Vera Egito e o cantor Thiago Pethit; filme marca a estreia de ambos: ela, na direção, ele, como ator de cinema. | Gianfranco Briceño

/Divulgação
A diretora Vera Egito e o cantor Thiago Pethit; filme marca a estreia de ambos: ela, na direção, ele, como ator de cinema.| Foto: Gianfranco Briceño /Divulgação

“Foi uma febre. Todos nós tínhamos muito desejo de realizar esse filme”, conta Vera Egito, roteirista paulistana que estreia como diretora em “Amores Urbanos”, que chega nesta quinta-feira (19) aos cinemas, depois de um processo colaborativo que remonta ao modo de trabalho das trupes teatrais.

Com orçamento reduzidíssimo, trata-se, na verdade, de uma estreia geral: elenco (como os cantores Ana Cañas e Thiago Pethit, um amigo pessoal da diretora) e equipe técnica (incluindo a curitibana Camila Cornelsen, que assina a direção de fotografia e contribui para a trilha sonora com duas músicas de sua banda Copacabana Club) também nunca tinham trabalhado em um longa-metragem antes.

Sem maquiador, figurinista, maquinaria e elétrica, o filme foi uma ação entre amigos e contava com apenas 12 pessoas no set. Os atores fizeram sua própria maquiagem e ajudaram a definir o guarda-roupa de seus personagens, por exemplo, que contava com peças deles mesmos, da diretora e com a colaboração providencial da estilista Emannuelle Junqueira, que faz uma ponta no papel dela mesma. As locações incluíram a casa da diretora e de seu irmão, além de clubes e paisagens reconhecíveis em São Paulo, como o Minhocão e os bares da Rua Augusta.

A fotografia, a cargo de Camila, também foi no esquema “de guerrilha”. “Optamos por uma fotografia simples, com menos movimento e planos estáveis. Utilizamos tudo o que tinha na produtora, de maneira que eu pudesse ligar sozinha. A iluminação foi feita da forma mais natural possível e aproveitamos que pessoas da faixa etária dos personagens sempre têm uma luminária, um abajur, para compor”, conta ela, uma das poucas mulheres nessa função no cinema.

A trama

O filme é uma crônica sobre afetividade e carreira que Vera escreveu pensando em suas histórias e nas dos amigos, a maioria na faixa da terceira década de vida. “Aos 20 você não tem passado e se sente o máximo. Aos 30 algumas coisas que queria para si não aconteceram, mas você se conhece muito bem e ainda tem um futuro imenso pela frente”, resume ela, que escreveu os roteiros de “À Deriva” e “Serra Pelada”, dirigidas por Heitor Dhalia.

A trama acompanha três amigos que moram no mesmo prédio. Júlia (Maria Laura Nogueira), Mica (Renata Gaspar) e Diego (Pethit) estão em um péssimo momento. A primeira não se encontra no trabalho novo, é sustentada pelos pais e levou um pé na bunda homérico. Já os colegas de apartamento Mica e Diego, homossexuais, estão às voltas com os relacionamentos meio mancos. Duda (Ana Cañas) não assume seu namoro de um ano com Mica enquanto Diego trai Luan (Bernardo Fonseca) sistematicamente. Para aumentar o drama, o pai do rapaz, com quem ele não fala desde a adolescência está muito doente.

O roteiro explora as possibilidades de uma ambientação feita em São Paulo, com sotaques, trejeitos e paisagens. Mas isso não restringe o alcance de seus conflitos, reconhecível a qualquer pessoa que descobre que chegar aos 30 não significa necessariamente estacionar em estabilidade.

A trilha sonora

Na primeira montagem do filme, a diretora percebeu que a história não abraçaria bem uma trilha incidental. “Como estava falando de uma turma que vive em festas e ouve músicas enquanto conversa, o conceito de trilha sonora mudou”, conta Vera.

A produtora de áudio Mugshot, que definiu a trilha, contou com a intensa colaboração da Camila Cornelsen, que sugeriu algumas bandas. “Assisti ao filme nas pré-estreias e sempre acho algum detalhe novo. Agora percebi que as letras casam muito bem com as cenas. Foi um privilégio ter feito parte disso”, conta.

De Curitiba, além da Copacabana Club, que contribuiu com “Love Is Over” e “This Way”, entraram músicas da Audac (“Esprit”), Our Gang (“Casanova” e “People Get Together”) e This Lonely Crowd (“Snorphan”). Todos os nomes da trilha sonora, que conta obviamente com Thiago Pethit, também cederam as músicas para utilização.

No caso da Our Gang, o processo burocrático foi facilitado, porque eles têm o próprio selo. “Quando a Camila me ligou, estava junto com a Vera e o Thiago Pethit e tinha mostrado nossas músicas no Soundcloud. A gente tinha lançado “People Get Together”, que bombou lá fora. Ela avisou que precisava ser “pra ontem” e a gente já tinha essa papelada pronta”, conta André Sakr.

A visibilidade de fazer parte de uma trilha sonora também é comemorada pelas bandas. “A gente nunca tinha feito parte de projeto de cinema antes. Quando recebemos e-mail da produtora foi uma grande surpresa. Àquela altura (2014, ano em que o filme foi produzido já tínhamos quatro discos lançados. “Snorphan” é do primeiro”, conta o guitarrista Hamelen.

Confira as colaborações curitibanas:

Audac - “Esprit”

Copacabana Club - “Love is Over”

Copacabana Club - “This Way “

Our Gang - “Casanova”

Our Gang - “People Get Together”

This Lonely Crowd – “Snorphan”

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]