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Um ciclo se completa para o Join­ville Jazz Festival. Com a sétima edição, que começa amanhã, os organizadores do evento podem dizer que fizeram a diferença na cena cultural da cidade. Na verdade, se tornaram um dos acontecimentos mais importantes do calendário nacional para a música instrumental.

Neste ano, o violonista Toninho Horta, a dupla Duofel (também de violões) e a big band Soundscape estão entre os destaques da programação principal, que ocupa o Teatro Harmonia Lyra, no Centro de Joinville. O festival vai além das apresentações noturnas e deixa o palco para ganhar as ruas da cidade. Entre os locais alternativos com música grátis estão a Estação Ferroviária e o Mercado Público.

A tática é simples: dar música para as pessoas, esperando que elas se interessem pelo que ouviram a ponto de querer mais. Para Carlos Adauto Virmond Vieira, presidente do instituto que organiza o festival, a experiência deu certo e, hoje, os joinvilenses podem se gabar de ser um público "com perfil europeu", capaz de conquistar até os gênios mais arredios, como o multiinstrumentista Egberto Gismonti, que tocou em 2006. Ele foi um dos pontos altos na história do Joinville Jazz, ao lado de Hermeto Pascoal (na primeira edição, em 2003) e o guitarrista Stanley Jordan em 2007. Este chegou a interpretar "Stairway to Heaven", do Led Zeppelin, uma espécie de "presente" que costuma dar apenas para as plateias mais queridas.

"Comprovamos que os céticos, que diziam que Joinville não tinha maturidade cultural para um evento desses, estavam errados", diz Vieira. Ele e o curador, o músico Luiz Bueno, chegaram a usar suas economias para evitar que o evento falhasse.

As duas primeiras edições foram realizadas com o apoio da Fundação Cultural da cidade, da qual fazia parte Vieira. A partir do terceiro ano, ele e Bueno criaram o instituto independente e sem fins lucrativos para tocar o projeto.

Hoje, com orçamento de R$ 300 mil e a ajuda de leis de incentivo – mais o dinheiro levantado pela venda de ingressos –, conseguem bancar shows, oficinas e atrações paralelas. Para os próximos anos, esperam poder incrementar a receita e investir em atrações internacionais.

Bueno explica que o formato do festival prevê, primeiro, espaço para músicos locais (como a banda do 62.º Batalhão de Infantaria), aposta em artistas em ascensão (o violonista Alexandre Gismonti, filho de Egberto) e procura convidar profissionais importantes no Brasil e no exterior (Toninho Horta ganhou elogios até do grande guitarrista Pet Metheny). É assim que a lista de atrações se organiza, dia a dia (confira quadro).

"Queremos abrir mercado pa­­ra a música instrumental", explica Bueno, que faz parte do Duofel, com Fernando Melo. Os dois usam violões para interpretar canções dos Beatles – "Norwegian Wood" e "A Day in the Life" entre elas – e voltam a se apresentar no Joinville Jazz a pedido do público, que participou da "curadoria popular" escolhendo artistas em cédulas entregues ao final de cada apresentação.

Irinêo Baptista Netto

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