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Apesar do projeto ser uma trilogia, cada peça traz, independentemente, recortes da história de uma mãe e sua filha | Alessandra Nohvais/Divulgação
Apesar do projeto ser uma trilogia, cada peça traz, independentemente, recortes da história de uma mãe e sua filha| Foto: Alessandra Nohvais/Divulgação

A dramaturga, professora universitária e atriz Antônia (Dinah) Pereira usou a sua própria história de vida como inspiração para escrever Trilogia Memórias – Um Grito contra o Silêncio e o Esquecimento, que faz temporada de hoje até domingo, no Teatro Experimental da Universidade Federal do Paraná (Teuni). As três peças baianas abordam a tragédia social causada pelas ditaduras militares do Brasil e América Latina, enquanto contam a história de uma filha supostamente abandonada pelos pais e criada por uma tia no sertão do Ceará.

O projeto, que já passou pelas capitais Fortaleza, Recife, Sergipe e Porto Alegre, reúne os espetáculos A Morte do Olhos, A Memória Ferida (vencedor do Prêmio Bras­­kem 2009 de melhor texto) e Na Outra Margem, apresentadas, nesta ordem, durante os três dias. No entanto, não há necessidade de assistir aos três espetáculos para entender a trama, diz a diretora, já que cada peça traz, de forma independente, recortes da história de uma mãe e sua filha. "As três peças têm começo, meio e fim, e são absolutamente compre­­­ensíveis, se bastam. Mas, também há um quê de suspense, que só poderá ser desvendado na próxima encenação".

Dinah diz que resolveu fazer a trilogia principalmente por ser admiradora do dramaturgo Zé Celso, que realiza trabalho em moldes semelhantes. "Acredito que essa não é uma maneira muito utilizada no teatro por dar bastante trabalho. Fora que, como compreendia pouco a minha própria história, uma peça só não daria conta do que eu gostaria de mostrar".

Na primeira montagem, a Ditadura está presente de forma metafórica, já que a protagonista sofre de amnésia. "Me interessa falar sobre as sequelas psicológicas deixadas no indivíduo, que precisa reconstruir a própria vida para seguir vivendo", diz a dramaturga. Neste momento, é apresentado o ponto de vista da tia humilde tutora da menina que descobre, na adolescência, que os pais a abandonaram por conta de fatores políticos.

A segunda peça mostra as angústias da protagonista sobre a retomada do contato com a mãe e o drama de não ter conhecido seu pai – mesma situação que Dinah enfrentou em sua vida. A terceira traz o ponto de vista do pai e da mãe, que já morreram. Essa última parte da trilogia, originalmente, é encenada em um hospital, o que não foi possível em Curitiba, já que o hospital que havia cedido o espaço desistiu do projeto. "Foi ruim porque minhas pesquisas sempre trataram da ocupação de espaços não teatrais. A atmosfera do hospital instaurava um clima bastante propício para a história. Sem dúvida, o espetáculo vai perder com isso", ressalta a dramaturga.

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