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Ludwig e Malwine Schnorr von Carolsfeld como “Tristão e Isolda” na montagem original da ópera de Wagner, realizada em 1865. | Joseph Albert/Creative Commons
Ludwig e Malwine Schnorr von Carolsfeld como “Tristão e Isolda” na montagem original da ópera de Wagner, realizada em 1865.| Foto: Joseph Albert/Creative Commons

Há exatos 150 anos, no dia 10 de junho de 1865, estreava em Munique a ópera “Tristão e Isolda”, de Richard Wagner (1813-1883).

Até o fim da temporada de estreia, em 1.º de julho daquele ano, gente de diversos países foi até a capital bávara para escutar a música que viria a ser a mais influente e modernista daquela época.

Suas novidades harmônicas, tímbricas, rítmicas, formais e melódicas deixaram os milhares de espectadores atônitos, perplexos e seduzidos. E não só o idioma da obra era revolucionário: para a moral da época, o louvor de um casal adúltero (Isolda era casada com o tio e pai adotivo de Tristão) causava repulsa.

Obra influenciou até arquirrival de Wagner

A partitura de “Tristão e Isolda” deu um novo gás para o gênero da ópera, além de abrir novas perspectivas para o tratamento das dissonâncias e impor outros paradigmas aos cantores

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Apesar dos temores, o sucesso repercutiu em toda a Europa. Conforme narrou com precisão Edouard Schuré, no livro “Souvenirs sur Richard Wagner: La Première de Tristan et Iseult” (1890) – um raro e indispensável testemunho de alguém que assistiu à récita histórica –, a temporada de 1865 causou frenesi no meio musical do Velho Continente.

As novidades técnicas da partitura, completada em 1859, complicaram as estreias previstas em Viena e Karlrsruhe. Na capital austríaca, depois de 77 ensaios, a orquestra declarou a partitura impraticável, e as récitas foram canceladas.

Só com a influência do Rei Ludwig II da Baviera a ópera pode finalmente ser apresentada em Munique, regida por Hans von Bülow. Foram necessários nove anos até que uma segunda montagem da obra fosse feita em Weimar, em 1874.

Convite de Dom Pedro

O que é interessante para nós, brasileiros, é que Wagner chegou a cogitar que a ópera fosse estreada em nosso país – mais precisamente no Rio de Janeiro.

Em junho de 1857, Wagner, em uma carta a Franz Liszt, falou de seu plano de traduzir a ópera para o italiano e atender a um convite feito por Dom Pedro II para realizar a estreia da obra no Brasil.

Wagner recebera um emissário do imperador – o cônsul do Brasil na Saxônia, Ernesto Ferreira França – em março daquele ano com uma oferta de ajuda financeira e apoio artístico na então capital brasileira.

Como a ópera não exigia nenhuma complicação cenotécnica (como as exigidas em outras obras do compositor), o autor pensou seriamente nessa possibilidade.

Mas a negociação com o imperador não teve sequência e os caminhos musicais da obra se dirigiam a algo impraticável fora da Europa, e o plano inicial de Wagner não se concretizou.

“Tristão e Isolda” só seria apresentada no Rio de Janeiro em 27 de maio de 1910, em italiano.

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